Pouco importa, o poder da escrita
E digo que o poeta detém o poder de brincar com o tempo. De que modo averiguar, se as evidências cá pela internet não hão outras? Um ato de crença, sim.
Posto o escritor é sempre um acumulador que manipula seu arquivo e recombina objetos (sobre uma mesa de montagem como o cineasta, tal qual o engenheiro com papéis, ou o arquiteto com planos) e nos revela (feito um fotógrafo) algo novo, ou algo velho sob nova luz que nos faz parecer muito novo. E jogando com as possibilidades de convivência entre os tempos, curva a realidade às suas palavras.
Nunca nos esqueçamos que a escrita trai o escritor: não jaz sob seu controle, escapa-lhe, escorre por quem lê e se dilui, desfazendo-se em algumas parcas memórias, restos, sombras, mistérios.
Verdade ou mentira?
Pouco importa, o poder da escrita (e da narrativa) é a verdadificação da falsidade, é a falsificação da verdade, é jogar o jogo.
É jogar.
É o jogo.