Teoria Literária #051: DESAFIO A ENFRENTAR O DESCONHECIDO
Quem nunca se apavorou diante de um desafio, por mais simples que seja. Isto porque sempre disparamos o nosso instinto de defesa para não passarmos pelo dissabor de nos sentirmos incapazes de levar a cabo as empunhas da vida. Sãos as instigações ou estímulos diante do novo.
É natural que ajamos assim, diante do desconhecido. Porém não há nada mais gratificante quando vencemos o medo e alcançamos resultados nunca antes imaginados. Gosto de desafios, pois estes só me fazem crescer. E se eu errar? Que mico! Mas tenho uma revelação sobre os erros que cometemos. Funcionam como estímulo para prosseguirmos e alcançarmos cada objetivo.
“Quem desiste no primeiro obstáculo jamais experimentará
o sabor da vitória.”
[Simplismo Sapiente #362: Bosco Esmeraldo]
Assim, mergulhamos de cabeça em cada novo desafio, impulsionados pelo prazer da conquista, vitória e os louros que esta nos proporciona sem se embudar, mas poder nos mover livremente por entre os obstáculos e depois sentir o gostinho de alcançar cada alvo proposto.
Nesse pensar, quero desafiar você a encarar os desafios embutido em cada novo estilo poético que estão em perene profusão aqui, neste Recanto ou fora deste. Verá que, embora se apresente tão feio, não morde; se parecer difícil, com a feitura do primeiro descobrirá o quanto é fácil, pelo simples fato de descobrir e utilizar o seu “como fazer”.
Pegando carona nesse pensamento, gostaria de tecer algumas considerações sobre o estilo poético Calidospoeses. Seu nome sugere uma cálida poesia, mas se origina da palavra 'caleidoscópio' e são as características deste que queremos explorar na 'poesia caleidoscópica'. Podemos assim chamá-la.
O caleidoscópio, um objeto ótico, formado com um pequeno tubo de 30 cm, 1 polegada de diâmetro, com três lentes de grau zero, uma na objetiva e duas na extremidade oposta, formando um recipiente onde ficam os fragmentos coloridos de vidro. Na extremidade oposta à ocular, temos um prisma formado por três espelhos triangulares que é a razão de ser do objeto aqui descrito. Este prisma reflete tridimensionalmente os fragmentos coloridos nos espelho, resultando em figuras simétricas aleatórias que se reorganizam sempre que se vibra o calidoscópio.
Tal qual num caleidoscópio, a Calidospoeses se forma a partir de uma palavra ou expressão núcleo e, a partir desta, vamos criando os versos anteriores e posteriores em pares opostos, ou seja, o número de versos que antecedem o 'núcleo' da poesia é igual à quantidade de versos que a procedem.
Na feição de sua poesia, se pode explorar a ecossonância, ou seja, a assonância (repetição de sons a sugerir ecos tipo, 'Rosa amorosa'; 'com sorte, consorte'; 'vento do advento' etc.), aliteração (sequência de sufixos mudando-se apenas uma vogal como – and'ando', corr'endo', sorr'indo', exp'ondo', prof'undo'), trocadilhos, proverbialidades, ditos populares etc. O limite é a mente criativa do poeta.
Não requer métrica nem rima, a menos que o poeta assim decida. Fica a seu critério se utilizar de rimas ou contagem silábica.
Exemplificando:
EM LIVRE CANTO
Enxuga já todo o pranto
E adorna-te em acantos
Encanta em cada canto
Canta co'alma teu canto
((((((((( CANTO ))))))))
Canta e a dor espante
Desdobra bem o epicanto
Descarga todo o espanto.
Tudo, tudo, tanto quanto...
Calidospoeses #005: