De Pero Vaz de Caminha ao Acordo Ortográfico!...
Ao longo destes muitos séculos da implantação da Lingua Lusitana ( que eu alegóricamente costumo decompor em dois verbetes fonéticamente complementares “Luz & Tana”) a lingua de todos nós sofreu tantas modificações que seria impossível apontar as causas e os efeitos, os meios e os fins de tais mutações, porém fica-nos a indelével sensação de que “renunciar às origens do nosso Passado linguístico, é perder um Presente, que Deus nos reserva no Futuro”!
Vai-num-vai, a cada nova rodada de reuniões e seminários sobre o tema, principalmente levados a efeito pelos PALOP ou outras entidades de classe, sejam os promotores originários de qualquer dos lados do Atlântico pretéritamente idealizado e apelidado pelo Prof. Dr Adriano Moreira de Oceano Marron, (data vênia) quer sejam os distantes pelejadores do Extremo Oriente, nomeadamente Macau e Timor Lorosae, a discussão não chega a nenhuma conclusão nem prática nem teórica.
Contudo, e porque não se podem limitar padrões, ou até mesmo regras gramaticais aos usários de qualquer lingua, no que diz respeito a inspiração e criatividade, todos vamos continuar a escrever da forma que aprendemos ao longo das nossas carreiras académicas, por bem pequenas que elas tenham sido.
Em virtude de condições sociais, politicas e económicas instauradas nos vários PALOP (Países de Lingua Oficial Portuguesa) ao longo destes mais de 900 anos de história, os respectivos governantes em seus países de origem são forçados, quando não induzidos com um certo saudosismo bairrista dos intelectuais e formadores de opinão pública, eles acabam por ter de impor normas e regras nem sempre aceitáveis por quem necessita se comunicar e entender formalmente.
Isto não significa dizer que, para escrever qualquer obra literária haja necessidade de assinar um acordo ortográfico, sob pena de perder a sua originalidade em beneficio de um mero formulário oficializado em cartório.
Dos vários Escritores com quem modestamente me comunico há vários anos, apenas como Cronista, diga-se de passagem, poucos ou nenhuns vão seguir à risca qualquer tipo de imposição. - Já quando se trata de edição de livros, textos, jornais, qualquer meio de comunicação escrita, incluso os meios informáticos, os responsáveis pela sua Edição dessas mesmas Obras eles terão certamente que cumprir alguns preceitos préviamente oficializados formalmente.
Por essas e por outras hoje podemos ter uma Lingua Portuguesa denominada na midia por PORT PT e PORT BR... esperemos que isso não chegue ao ponto de haver por aí um qualquer PORT do PVC ou seja: uma escrita do tempo do Pero Vaz de Caminha que, certamente, a grande maioria dos usuários não vai entender nem “patavina”!... e a propósito; quantos conhecem o termo “Catramonzeladas Literárias”?... estou a pensar em entitular registrar e autenticar isto (des)acordado porém, estou em dúvida – escrevo em PORT PT ou PORT PVC?... uké ke voismecês acham, hein?
Silvino Potêncio
Emigrante Transmontano em Natal/Brasil
(texto original publicado em www.silvinopotencio.net)