Movimento Recobroísta

Recobroísmo

O Movimento Modernista, pelo que me consta, em nada contribuiu para o aprimoramento da nossa literatura. Nas outras artes até reconheço que teve lá os seus méritos calcados em uma certa ruptura estética. Mas a liberdade poética sugerida ou entendida, em alguns casos, tocaram as raias da libertinagem e do ridículo. Com isso a poesia perdeu forma, graça e alma, vindo precipitar-se no inexorável descaso. Liberdade sem limite, não é arte, é bagunça mesmo.

E o Pós-modernismo? Seria o fim do Modernismo ou a sua continuidade mais ousada e inconsequente? A coisa tornou-se tão moderna que alguns seguidores a consideram como um rebuliço anárquico, um arremedo da cultura e até como uma herança indômita da chamada Geração Beat, referindo-se dissimuladamente a ela como a expressão empírica da antiarte ou contracultura.

Baseado no princípio lógico e ao fulcro da congruidade inerentes à perfeita consonância da poesia (alma) no âmbito intrínseco do poema (corpo), resolvi ir à luta armado de um árduo trabalho coesivo com as inexorabilidades do esmerado arcabouço da primordial cultura poética, por questões de discernimento, lealdade, mérito e justiça.

Venho batendo incansavelmente nesta tecla, num esforço quase supranatural: fazer Poesia não é só escrever frases entrecortadas ou parrafadas ao talante do seu escritor. A arquitetura poética exige, antes de tudo, ética e estética para conter em si, de forma digna, a manifestação da alma.

No Brasil é comum um vocábulo popularizar-se tanto, mas tanto, ao ponto de acabar sendo vulgarizado ou desvirtuado do seu real sentido. Não é por acaso que encontramos em nosso léxico uma infinidade de palavras-ônibus detentoras de significados tão latos que vão desde extensivos, subtendidos à antonímicos.

Quando afirmo que o verdadeiro poeta é aquele que usa de todo o artifício na perfeita construção do seu artefato poético, refiro-me à engenhosidade necessária para a elaboração de uma insofismável obra artística, não de uma artimanha ou arteirice qualquer.

A Arte é, antes de tudo, uma demonstração categórica de extrema habilidade técnica. Daí o entendimento de que a poesia, como arte, não pode, de forma alguma, ser calcada apenas em percepções, emoções e ideias, desprovida da manifestação de ordem estética. Não justifica, portanto, só a beleza das palavras em detrimento da estrutura lógica que a envolva.

A autêntica Poesia é, por assim dizer, uma Arte Material e Imaterial ao mesmo tempo, constituída, pois, de corpo e alma na mais perfeita sintonia. O corpo é a sua estrutura visual, bem alicerçada na disposição congruente dos seus versos. A alma se distingue pela métrica perfeita, cadência exata e sensibilidade que vivifiquem a obra, pouco importa se de forma elusiva, expressiva, intuitiva, projetiva, sublimatória ou tropológica, essa, diga-se de passagem, muito marcante e oportuna.

Em total respeito ao venerável Oráculo Apolo, que do ápice do Monte Parnaso amarga uma tristeza indescritível diante dos crescentes abusos cometidos contra a mais nobre arte literária de todos os tempos, inicio oficialmente o Movimento Rocobroísta, apelando, sobremaneira, para a consciência de todos os beletristas para que abracem essa causa em prol da retomada gloriosa da nossa legítima cultura literária.

Esse Movimento é de cunho Retrátil no momento em que resgatamos os autênticos conceitos da Poesia como Arte Genuína; Protrátil quando disseminamos a ideia e também criamos novas estruturas poemáticas sem perder de vista, é claro, o rigor da cesura inerente e outros elementos constitutivos clássicos e indispensáveis ao avivamento sadio do consentâneo espírito poético.

A terminologia Recobroísmo tem a seguinte formação:

- recobro – de recobrar, ou seja, recuperar o que foi perdido, no caso a poesia de corpo e alma;

- ismo – sufixo nominativo de doutrina, escola ou princípio artístico.

A Poesia como arte

está à beira do abismo!

Poeta, faça a sua parte,

apoie o Recobroísmo!

Genilton Vaillant de Sá
Enviado por Genilton Vaillant de Sá em 04/11/2014
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