A figueira infrutífera
“Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; e indo procurar fruto nela, não o achou. Disse então ao viticultor: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente? Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a este ano ainda, até que eu cave em derredor, e lhe coloque esterco; e se no futuro der fruto, bem; mas, se não, cortá-la-ás” (Lc 13.6-9).
 
UNIVERSALIDADE DO PENSAMENTO - A PARÁBOLA

PENSAR - É UMA PALAVRA (HOMÔNIMA PERFEITA) IMPORTANTÍSSIMA
EM SEU EMPREGO E SIGNIFICADO.
GERA UMA AÇÃO DUPLAMENTE LENITIVA E ALENTADORA.
REFLETE E COMPÕE IDÉIAS USANDO O ESPÍRITO E O INTELECTO;
PELA SUA AÇÃO BENÉFICA (O PENSAMENTO) PODE ATÉ SALVAR E IMPULSIONAR VIDAS;
REPRESENTA TAMBÉM CURAR, DAR LENITIVO À DOR FÍSICA E DA ALMA,
REMÉDIOS APLICADOS COM CONHECIMENTO E SABEDORIA OU SEJA, TAMBÉM COM A FORÇA DO PENSAMENTO ÀS ESFERAS DE UMA DIMENSÃO SUPERIOR AOS LIMITES HUMANOS.
 

Parábola

A parábola - expressão idiomática, figura ou expressão de linguagem, recurso linguístico e gênero literário, muito usado pelos povos orientais, sobretudo os de língua árabe (as mais belas páginas da literatura árabe são ricas em parábolas) e quase que prática usual ao discurso do judaísmo. É um método pedagógico por meio do qual as verdades morais ou de alcance teológico se ilustram pela analogia com fatos da vida comum.

Há registros de palavras simples que dizem: “falar uma coisa para dizer outra”. A comparação pode fazer-se por meio de palavras semelhantes ou pela ideia contida na parábola. Os limites entre parábola, símile e metáfora não estão bem determinados. Muitas vezes nota-se pequena diferença: o símile e a metáfora são breves, ao passo que a parábola é relativamente longa (conta-se uma história faz-se uma exposição, discorre acontecimentos – de onde se extraem a analogia. Biblicamente: “Vós sois a luz do mundo” – é uma metáfora. “Como um cordeiro mudo diante daquele que o tosquia” – é um símile. Já, “O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher esconde em três medidas de farinha até que toda ela fique levedada” – é uma parábola [Mt. 13:33]. A parábola tem certas vantagens, é um eficiente atalho para um mestre fazer frente a longos discursos pedagógicos, ganhando de peça didática altamente elaborada, pela sua imidiatez em atingir os fins desejados. Mais ainda, serve para a transmissão do saber ou conhecimento usando de meios próximos, existentes ao redor dos discípulos, objetos, tarefas, personagens do dia a dia dos aprendizes da matéria exposta.

Serve também a parábola para “mandar recado” às pessoas de altas rodas sociais, mandatários, poderosos, em que não se pode falar o que pensa diretamente sem correr o risco de ser morto, preso, ou agredido. A parábola se presta muito bem a isso. Por exemplo, o profeta Natã usando de perícia na elaboração de uma parábola deu o recado ao grande rei Davi (Natã repreende a Davi - 2 Samuel 12-1:7), sobre o seu crime e pecado, onde tomou para si usando de seu poder, a linda Betsabá ou Bate-Seba, esposa de Urias o heteu, um de seus mais fiéis generais; para isso o enviando à frente da mais dura batalha, com ordens de deixá-lo sozinho para ser morto pelos inimigos; e foi isto que aconteceu. No entanto Davi veio a tomá-la por esposa, tendo-lhe morrido o filho de sua gravidez do adultério provocado por Davi. O segundo filho com Davi no entanto, veio a ser aquele que se tornou o grande rei e sábio Salomão.

Aqui fica demonstrado o valor da parte prática da parábola, não foi ao acaso que nada menos que Jesus a utilizou fartamente como instrumento de seu ministério. Acredito com convicção que se o Mestre tivesse escolhido outro método ou expressão idiomática ou figuras de linguagem (Jesus falava o *aramaico e o hebraico) que não a parábola, seu ministério terreno que durou apenas três anos, não teria deixado tantos ensinamentos, orações, reflexões, pensamentos sublimados, exortações, sermões, bênçãos...

Como disse acima, um mestre usando como sabedoria essa ferramenta idiomática produz atalhos e ganha tempo e foi o que afirmei sobre o lapso decorrido do início dos ensinamentos de Nosso Senhor aos 30 anos até sua crucificação, quando Ele tinha 33 anos de idade.

S. João diz, que se fosse escrito tudo o que Jesus falou,
não haveria biblioteca no mundo que pudesse acomodar tantos volumes.
                           

                              

 *Aramaico é uma língua semítica pertencente à família linguística afro-asiática. O nome da língua é baseado no nome de Aram, uma antiga região do centro da Síria. Dentro dessa família, o aramaico pertence ao subgrupo semítico, e mais especificadamente, faz parte das línguas semíticas do noroeste, que também inclui as línguas canaanitas assim como o hebraico e o fenício. A escrita aramaica foi amplamente adotada por outras línguas, sendo assim, ancestral do alfabeto árabe e hebraico moderno.
Foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Esdras e Daniel, assim como do Talmude.
O aramaico foi a língua falada por Jesus e ainda hoje é a língua materna de algumas pequenas comunidades no Oriente Médio, especialmente no interior da Síria; e sua longevidade se deve ao fato de ser escrito e falado pelos aldeões cristãos que durante milênios habitavam as cidades ao norte de Damasco, capital da Síria, entre elas reconhecidamente os vilarejos de Maalula e Yabrud, esse último "onde Jesus Cristo hospedou-se por 3 dias" além dessas outras aldeias da Mesopotâmia, como Tur'Abdin ao sul da Turquia, fizeram com que o aramaico chegasse
intacto até os dias de hoje. Segundo o professor G. Ernest Wright, “não temos como saber se [Jesus] falava além do aramaico e hebraico, também grego e latim, mas em seu ministério de ensino ele usava regularmente quer o aramaico, quer o hebraico popular, que foi altamente influenciado pelo aramaico.” — Biblical Archaeology (Arqueologia Bíblica), 1962, página 243.

As parábolas constam de dois elementos de fundamento simbólico: o material e o espiritual ou subjacente, internalizado,
(que depende do nível ou estado de compreensão de cada pessoa).
A parábola - por exemplo, as ditas pelo Mestre Jesus - tem uma elasticidade ilimitada ao aprendizado espiritual. Revendo as figuras de linguagem, adentrando a linguística, a metodologia pedagógica e diversos outros veículos de comunicação veremos que as expressões linguísticas não são meras filigranas, firulas a embelezar textos e dizeres. As parábolas na prática são uma metodologia considerável.
O Mestre se falava aramaico, também latim e grego, não importa ao caso, visto que a intelectualidade e a espiritualidade do homem Jesus Cristo era direcionada totalmente ao suprimento da vontade do Pai Eterno, e em qualquer língua existente Ele poderia usar de parábolas, pelo fato de ser quase que uma construção idiomática normal, corrente ao povo do oriente médio, Palestina e Judéia.
O que variava na feitura das parábolas era o grau ou estágio
de entendimento do povo que ouvia.
Também por pesquisas e estudos, sabe-se que José e Maria seus pais terrenos, falavam o aramaico em família, bem como esta língua influenciou o hebraico, pois era amplamente falada ao sul de Jerusalém. O latim (vulgar) corria nas ruas pela boca dos soldados romanos, o que fez com que muitos o aprendessem, e o grego estava para a época o que o inglês está para os tempos atuais.


Em outra oportunidade voltarei ao assunto, uma vez que é grandemente interessante a nós escritores, o falar dos tempos de Jesus Cristo, e de resto até hoje o árabe e o hebraico são ricos em figuras de linguagem.
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 01/08/2014
Reeditado em 01/08/2014
Código do texto: T4904954
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