OBRAS CLÁSSICAS DA LITERATURA PORTUGUESA
OBRAS DE BOCAGE:
Lavrou chibante receita
Um doutor com todo o esmero;
Era para certa moça,
Que ficou sã como um pero.
"Tão cedo! É milagre! "(assenta
A mãe, que de gosto chora).
"Minha mãe, não é milagre,
Deitei o remédio fora".
(págs. 1160-61)
Um chapado, um retumbante
Corifeu de medicina
Certa menina adorava,
E adoeceu-lhe a menina.
Eis para curá-la o chamam,
Pela alta fama que tem;
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Certo Averróis quis no prelo
Ver seus aforismos juntos:
Pôs-lhe o editor singelo:
"Arte de fazer defuntos".
(pág.1168)
"Não ouso (responde a Parca)
A teu mando obedecer:
Se com médicos se mete,
Té pode a Morte morrer".
(pág. 1169)
A Morte se enfastiou
De surgir do Orco profundo,
Exclamando: "Não estou
Para tornar mais ao mundo!"
Disse um médico: —"Eu lá vou".
(pág.1188)