A casa não assombrada

O lugar era grande, um castelo enorme, e a noite já havia caído. O medo não vinha, por mais que eu o invocasse. Senti-me na obrigação de entrar, afinal por dentro aquela casa me parecia menos assustadora. É irônico, afinal o meu temor era simplesmente o fato de eu não ter medo.

Entrei... Meu estado de espírito me pedia outro cenário, mas precisava seguir meus instintos. Uma vez me disseram que nossos fantasmas são criados por nós mesmos, meio desapontada, mas aliviada. A lareira estava acesa e havia quadros nas paredes, quadro de pessoas velhas não sabia como, mas sabia que já haviam morrido. O medo não vinha. Subi as escadas e abri todos os quartos, não havia ninguém, meu espírito clama por outro rumo, mas insisto, pois sei que não será em vão.

Não ouvi nada, nenhuma porta rangindo ou sequer o vento uivando, mas minha vida estava tão desastrosa que nem havia a necessidade do medo, eu... Não senti medo pelo fato de já ter me acostumado com ele.

Tais Braga
Enviado por Tais Braga em 27/12/2013
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