A LIBERDADE DE CRIAR

Inclino-me pela posição de que o formato, em Poesia, é mera contingência formal, mas ainda acho – desde que cumpridas outras exigências subjacentes de fundo teórico-estético – que a escrita em versos é a característica mais visível e nitidamente indicadora de que o autor quis fazer um poema, portanto, visou materializar a intangível Poesia enquanto manifestação do espírito humano. E, afinal, o que caracteriza o ESSENCIAL, em Poesia? A forma, o formato ou o conteúdo que o texto encerra, e, curiosamente, liberta sob o perfumar da rosa da sugestão? Há mistério maior em Artes e Letras do que este desafio de nunca se saber nada em matéria de Poesia (por mais que se a estude) e nem consigamos defini-la? O Mistério é, em verdade, a sua anima inconsútil, talvez um indefinível agente imunológico em permanente fagocitose: mecanismo de proteção a serviço da vida e da felicidade de uns e de outros. A busca, enfim, da beleza plástica plasmada pela liberdade de criar. Um deus-menino que se sabe gema concebida e perfume...

– Do livro OFICINA DO VERSO, vol. 02; 2013/16.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/4581814