PATERNIDADE LITERÁRIA
Em matéria de revisão de textos, entendo que tanto em Prosa quanto no Verso, a ação de “revisar” vai mais longe, sendo possível até chegar à copidescagem (um estudo pelo viés da (re)textualização), que se dá sempre sob a supervisão e aceitação do declarado autor do texto. Até porque entendo que o autor – especialmente em Poesia – não é o "dono" do texto, e, sim, a criação resulta do exercício do alter ego criador, que reside psiquicamente no espiritual do autor. O alter ego, por vezes, é um hóspede incômodo e até inconveniente por e em seus relatos. A rigor, este sempre falaria na terceira pessoa, mas o ego o suplanta e relata – especialmente nos autores iniciantes – com a utilização da primeira pessoa: o EU. Quando isto acontece, o alter ego esfuma-se, desaparece. Ao autor são reservados os efeitos dos direitos patrimoniais, visto a sua paternidade material, podendo, por ela, tornar efetiva a sobrevivência autoral. Porque, antes de tudo, a arte poética é o resultado materializado da gestão confraterna e solidária, dentro de si e no outro, que bem pode ser o parceiro escritor, funcionando naquele momento como revisor, como sói acontecer nos exercícios pertinentes ao associativismo poético, nas oficinações. Sem o leitor não se estabelece o vínculo literário. Sem a leitura, inexiste a literatura. Sem a abertura do egocentrismo, inexiste o poema como proposta solidária...
– Do livro OFICINA DO VERSO, vol. 02, 2013/16
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