O TRADUTOR E O REVISOR DE POEMAS

“Hoje li numa revista que o revisor de poesia é mais poeta que todos os poetas, e eu concordo.”.

Zeli Sandrini Lotin, via e-mail, em 28/10/2013.

Concordo que a tradução de um poema – vale dizer, de um para outro idioma – é tarefa dificílima. Cada peça traduzida é um novo legado poético que se acresce ao idioma do tradutor e pejado da visão estética deste. É necessário haver, no mínimo, similitude ou afinidade filosófica de concepção estética (e do mundo) entre autor e tradutor. Também acredito que não é qualquer pessoa que consegue ser um bom revisor de poemas – aquele que pouco foge da concepção original. Acresça-se que a rigor técnico, não há “revisor de poesia”, e, sim, revisor de poemas, porque Poesia e Poema não são sinônimos. A Poesia é gênero e arte literária, e como tal, intangível... Mesmo que passível de ser reconhecida enquanto estado ou clima propícios ao exsurgir do Mistério – que é a sua fonte – o que irá propiciar o nascimento do poema, que é a sua materialidade (tangível, portanto) enquanto gênesis. É sobre esta materialização (o traduzir do universo do autor através do poema) que o agente tradutor se debruça e recria. Cada novo poema é uma peça derivada, todavia possui o mesmo cordão umbilical...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/4547229