O VESTIDO DE GALA

A linguagem do “condenado ao verso” é a Poética. Sem ela não há poeta nem Poesia. Nestes registros de linguagem incomum comparecem a Prosa Poética e a Poesia. A Poética se apresenta diferentemente de todas as outras possíveis comunicações entre os emissores que utilizam a voz traduzida. Esta tradução vocabular adquire vida pela codificação, através da linguagem figurada, metaforizada.

Originalmente, ao tempo dos gregos, a Poética era cantada e não escrita, porque os “profetas” percebiam que o inusitado ritmo e proposta conduziam a um estado de alma de rara beleza e a uma emissão distinguida da fala, que merecia o canto para saudar os deuses.

Portanto, para que a linguagem emitida reproduza o estado de poesia do momento de sua vinda à luz dos olhos, há requisitos formais para apresentação de sua beleza plástica. Não é, portanto, a voz do lugar comum da vida – aquela diariamente exercida no convívio entre as pessoas. Porque a palavra, em Poética, não diz, apenas sugere, sem derramamentos verbais. Mesmo assim, ela nunca se resume ou se esvai no texto; recria-se na cabeça do leitor, devido à sua intensa proposta de reflexão.

Ápice da síntese do pensamento contemplativo é curiosamente trazida ao mundo, num primeiro momento, pelo fenômeno da intuição. A verdadeira Poesia é a palavra em seu vestido de festa. E porque ela é também ritmo, dança dentro de nós em todos os idiomas.

MONCKS, Joaquim. A MAÇÃ NA CRUZ. Obra inédita, 2022.

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