A VISCERAL PALAVRA

Especialmente nas redes sociais, o foco pontual dos textos ali publicados é o espectro riquíssimo do universo lírico-amoroso... A obra interpretativa, originada do diálogo criativo entre autor e leitor é denominada INTERTEXTO, o qual é fruto da subjetividade consequente do que foi lido, aproveitando-se a imediatidade da interlocução. É muito encontrável, no dia a dia da comunicação, o exemplar textual lavrado em PROSA POÉTICA, em que as metáforas são superficiais e com pouca profundidade psíquica e espiritual (por falta de argumentos figurativos mais contundentes) que permitam uma mudança de significado seja interna (em nível do pensamento) ou externa (em nível da palavra). No primeiro caso e quando ocorre apenas uma associação de ideias, dá-se o nome de perífrase. Se a associação de ideias é de caráter comparativo (sem o uso do “como”), produz-se a metáfora, que é o ‘tropo figurativo por excelência’. No espécime apresentado em prosa poética, este lirismo possui alcance superficial, o que reduz a amplitude do mistério das coisas e dos homens, o qual caracteriza a poética como arte... É sempre preferível buscar, na hora da metaforização, o mergulho em profundidade, em que a estética soará como um sino de realce e fixação da beleza do assunto, a ponto de causar o ‘estranhamento’ do leitor frente ao Novo. A representação mais visceral da palavra estará sempre na Poesia, como exemplar maiúsculo da Arte Poética... E tudo isto se dá pela escolha dos vocábulos que fixarão a IMAGÉTICA, dando corpo ao sentido conotativo da linguagem. De leitura por vezes difícil, mas que compõe e dá lugar ao inusitado do encantamento...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/4456700