DO APRIMORAMENTO TEXTUAL
Depois que o criador acolhe a postura intelectiva de fazer a TRANSPIRAÇÃO, e passa a conviver naturalmente com o estafante trabalho de revisar o texto que leva a sua assinatura, o processo se instaura em tudo o que ele vir a rabiscar, especialmente no plano da criação literária. Para mim, o texto nunca está pronto, e sempre merecerá revisão de forma e conteúdo. Quanto mais aceitarmos que o texto, especialmente em Poesia, nasce nos quintais emocionais, todavia se reelabora no pensamento, mais profundamente nos questionaremos quanto ao seu conteúdo e afinaremos o gosto estético-formal. Consequentemente, a peça originada da INSPIRAÇÃO fica vulnerável, pouco resistente em sua proposta, e a forma com que ela se apresenta se torna insuficiente para exprimir aquilo que se quer dizer. A cada leitura o pensamento do autor amplia-se, aprofunda-se, e por si quer seguir adiante em sua propositura de esclarecimento ou decodificação do mundo do ser e estar. E as antíteses vão surgindo aos borbotões. Também é necessário saber a hora de parar de fazer emendas aditivas ao texto. Esta é uma conduta muito acertada para que o pensamento – original ou acrescido pela revisão – não se torne poluído ou vago. No entanto, as emendas supressivas são sempre oportunas. É urgente saber cortar o que está sobrando...
– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/4444216