A PALAVRA ENQUANTO IDEIA

A avaliação do escrito só ocorrerá acaso adquirida esta prática através da experimentação literária, em que é pontual o distanciamento da pessoalidade autoral em relação ao conteúdo textual. E isto se dará através da TRANSPIRAÇÃO, na qual predomina a INTELECÇÃO. No entanto, tudo isso é parcialmente correto: o que realmente permite aferir o que escrevemos é o depoimento do leitor acerca do assunto publicado. Assim se estabelece a relação literária intimista, a via de mão dupla que atualmente está tão visível através das redes sociais, na net. O foco é o texto e o resultado o intertexto – a resposta verbal à instigação proposta. E é esta a materialidade formal, constante da apreciação que ratifica ou não o mistério que a inventiva, através da linguagem, propõe como reflexão. Todavia, é no intertexto produzido pelo receptor que esta se perfectibiliza, tornando-se não mais a verdade de uma, mas de duas fontes dificilmente paralelas, antes ou depois. O seu destino enquanto signo é ser a antítese e sob esta ótica e ação a reflexão nunca se dará em águas mortas. A palavra enquanto ideia só permite ajustes circunstanciais e/ou momentâneos, nunca o definitivo. Porque a perenidade é substância morta, na comunicação interpessoal. A Palavra resultante do mundo das ideias é a clava potente dos embates...

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/4417058