Poeta de uma nova era
O poeta fala dos passarinhos e do amor romãntico e de final feliz. Hey! Sou poeta e nunca falei de pássaros. Sou o poeta da nova geração, do Facebook, do asfalto e vida agitada. Não, eu não conheço o campo e nunca tive um amor com final feliz. Eu não vivo num conto de fadas, embora quisesse viver em um (quem não queria?). Sou o poeta de um mundo globalizado, porém violento, onde a violência assume formas lindas como os olhos verdes de uma garota loira ou então a violência bruta dos super heróis da ficção científica do século XXI, como Homem de Ferro. Não vim aqui cantar coisas que vocês gostam, nem coisas que não gostam, apenas a realidade, não vim aqui para cantar o quanto sou feliz, tampouco o quanto sou triste, mas para falar sobre você, de você, pelo seu ponto de vista comparado ao mundo e ao ponto de vista deste último. Nada de textos jornalísticos e sensacionalismo. Tudo é justo pela razão e filosofia. Não vim cantar o português correto, assim com não o r distorcido dos caipiras. Vim sim, cantar, com todo meu nada (sim, esta deverá ser a energia que nos moverá em busca por dinheiro, quando todo o amor for extinto - sendo que só queria ser amado). Complicado, não? Sim. Não. 0101010. Vim cantar as buzinas de um mundo industrializado e o notebook da última geração. Portas lógicas. IP. Qual é a última geração? O termo Geração deveria ser extinto, estamos numa velocidade de progresso que já não permite dividir em gerações, nem de humanos nem de computadores, mas algo mais abrangente algo como: "era pós-comtemporânea": a junção de geraçôes tão efêmeras que torna impossível qualquer distinção às mesmas, assim como qualquer inibição, opressão ou acatamento de idéias. Digo: apenas o passar do tempo e de evolução humana e tecnológica que já nem faz mais efeito, uma era de jovens perdidos sem nenhum ideal revolucionário, uma era de adultos, adultos trabalhadores, robores, e nada mais. Ninguém precisa de manifestações de nada tampouco seriam de alguma valia neste mundo de fluxo imenso e sem sentido. Repito: sou o poeta que canta o mundo real, tecnológico, robótico, cronometrado e ao mesmo tempo, leve. Sou o poeta de um mundos em poetas, em que poetas passam tão rápido quanto o computador mais moderno. Subentende-se: não existe computador mais moderno, apenas existe a exponencialidade. Não! Não percebemos as curvas do tempo e pulamos os degraus. E isso está mais do que certo. Nesta época nada tem a mínima importância, seja o mundo ter girado ao contrário, seja o lançamento de um mais novo expedicionário a Marte. É tudo tão normal. Para que pensar? - para uns, e "há alguma coisa além do pensar?" - para outros. Canto, finalmente o mundo do software livre pois nem mesmo o dinheiro tem importância, pois o mesmo já não é mais físico, é algo tão relativo quanto a verdade. Canto as instituição de caridade e canto os bons e digo: nada é verdadeiramente bom, sempre existe lucro por trás, seja lucro hoje em dia definido não como o do mero dinehiro, mas como o lucro psocológico, o de beleza, de afeto e principalmente, acima de tudo: status social. Canto o mundo da guerra pacífica, dos que não tem coragem de ver sangue mas que mataria ao se apertar um botão. Canto nada disso, na verdade canto a mudança de opinião. Não sei o que canto, não canto, não existo, não sou. Quero fugir, mas o sistema continua a andar. Como pular fora sem deixar minhas articulações de ferro menos lubrificadas? Canto. Canto o mundo mais que novo, canto as atualidades do ano posterior. O futuro recente que, de tão recente, já passou. Canto por final o mundo pós contemporâneo, em que você acorda 5 da manhã vai para o trabalho, volta 6 horas tem que ir para a faculdade, cuidar dos filhos, do marido e amar aquele cara da adolescência que você nunca vai esquecer, mas a conveniência te obriga a viver com seu marido e ainda ser feliz assim. O mundo evoluído que, com vinte e cinco anos você percebe que seu único amigo de verdade foi aquele que cometeu suicídio por você, mas você não se importa, pois o mundo é assim mesmo. E você, com o mundo desabando, é feliz, e essa felicidade te corrói a alma e você não vê porque não quer ver, e está mais do que certa. Racional, coração de plástico, esse é meu mundo, eis porque sou um poeta que não teme o fogo de verdade e até acha um privilégio se assim queimado, mas sim, teme o fogo virtual, aquele que não existe e te obriga a seguir o sistema implacável. Sou o poeta do software proprietário ou livre, do 0 ou do 1, nada mais. E pensem: o Sistema que nos oprime, sim, os humanos não fariam essas coisas se não fosse por necessidade, ninguém perde o seu tempo e energia fazendo mal à toa, sem precisar. O sistema que nos oprime, mas nós, nós somos a base do sistema. Não queira ser forte para sustentar isso em cima de você, não seja a base do sistema, não aceite, volte ao tempo em que você podia escolher e escolha como se estivesse lá. Repito: o sistema é o monstro que nos oprime, e nós somos a bases do sistema. Não seja a base, não sustente, não viva para eles e meta o pé nessa pirâmide. Se eles pisam por cima, é porque você os sustenta, saia de baixo e deixe eles cairem por si mesmos. Nós pensaremos e projetaremos apenas, e deixaremos que as máquinas puxem as carroças e façam o trabalho braçal, não os humanos. Não apoie ou faça violência, não caia no jogo deles, não trabalhe desesperadamente nem se revolte, temos que provar que somos humanos! Pois é bagunça e revolta que eles querem. Apenas não serviremos mais, não seremos escravos, não precisaremos. Nós pensaremos. Sem nós, o povo, eles não são nada, mas nós somos nós.