FENÔMENO RELIGIOSO ENTRE A FÉ E VIDA.

O que pode caracterizar o aspecto religioso em nossa vida? Como pensar e como perceber a dimensão religiosa ao nosso redor? Se a busca do significado de nossa existência pode ser chamada de religião, então, os modos de agir em relação à mesma pode ser, seguramente, chamada de fenômeno religioso. Nesse caso, como é intrigante a relação com o sagrado que cada ser humano apresenta! O seu modo de se comportar diante da realidade, sem contar o respeito com os outros seres, reconhecendo, assim, a presença de uma energia que está imanente de modo muito íntimo, pois está relacionada, universalmente, com cada ser vivo, o faz sabedor e detentor da realidade que cada um constrói para si. Embora todos não tenham essa “percepção sensível relacional” com o sagrado – é certo dizer que esta relação acontece – independente da vontade, pois, em algum momento de sua vida, perguntar-se-á acerca do sentido de sua existência.

As manifestações de fé - entendendo que fé “é um modo de possuir aquilo que se espera, um meio de conhecer realidades que não se veem” Hb 11, 1-2 - e as diversas devoções mostram que esta relação se dá, em primeiro plano, com o que se apresenta a cada um, ou seja, o mundo (realidade). Porém, algo de mais profundo rompe com esta relação e quebra as barreiras do racional e dá um aspecto sagrado às coisas. Cada ser tem, no contexto em que está inserido, uma relação peculiar com este sagrado e, dependendo de sua intensidade, podem adquirir diferentes “habilidades” de “falar, ver e escutar” este sagrado, por isso, são chamado de médiuns, videntes, etc...

O culto ao sagrado, e seus diversos ritos, é um dos fenômenos religiosos mais comuns entre os homens. A meditação e contemplação são as formas mais simples, ao menos na teoria, de alcançar êxito em tais ritos. Isto mostra que o fenômeno religioso independe de vínculos institucionais ou mesmo denominações religiosas dominantes, já que é um caminho próprio do ser humano: uma autodescoberta e um autoconhecimento pessoal e espiritual desde o nascimento até a morte.

Mas porque existe esta atração entre essas duas realidades tão distantes e tão, intimamente, próximas e porque este apelo das criaturas em direção a este sagrado? O que isso significa, realmente, para cada ser existente? Será que a dimensão do sagrado tem respostas suficientes para os questionamentos que os homens fazem em seus cultos e ritos ao divino? Por que buscar em objetos ou fazer deles a sua esperança última de tal resposta? Parece-me que a fronteira imparcial entre os homens e o divino é o mistério tênue entre a vida e a morte. Será que o sentido da vida está no mistério da morte? Porque ela mexe tanto com esta relação e porque tememos que ela chegue até nós? Mesmo com a busca incansável do divino, durante a vida, e com toda a manifestação possível a cada um, parece-me que, quando chega esta justa e terrível realidade, todo o caminhar perde seu rumo e significado mais profundos. A morte é, de verdade, um axioma poderoso e é o fato que mais intriga o fenômeno religioso em todas as culturas existentes, pois é o “cumprimento de uma sentença (destino), o encontro com o único mal irremediável; o fato sem explicação, que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados porque tudo que é vivo, morre” [1]. Enquanto tal questão é indecifrável, basta-nos, apenas, viver essa relação com o mistério divino que se manifesta intimamente do fenômeno religioso, através de nossas vidas.

[1] Trecho do Filme O Auto da Compadecida.

Rosdrigo
Enviado por Rosdrigo em 21/04/2013
Reeditado em 31/03/2014
Código do texto: T4251518
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