PEQUENAS VERDADES
Só os que possuem a vertente e/ou se apercebem altruístas conseguem entender melhor o que o poeta deseja que palpite no ventre da peça artística, para encantar a si mesmo, antes de tudo. O outro polo, por diferente, ao ler e ruminá-la, receberá em si a original figura – alheia ao mundo rotineiro – como um "babaca" discutindo o sexo dos anjos... Ou seja, a fauna humana é rica em contradições – antíteses, como queria Hegel. Sempre é motivo de felicidade e descobertas quando o leitor entende que o escrito contém algo veraz ou plausível de veracidade. E é o que realmente importa, porque o poema ou texto, ainda que fruto do talento peculiar à criação artística autoral – grávido de fantasias – possui conotações e propostas aplicáveis e adequadas ao mundo dos fatos, recriando-o para o bem-viver da humanidade, presente e futura. Assim o autor e o seu alter ego sobrevivem além de si próprios, como quem apreende o fazer e/ou a discernir o que não sabia ou reconhece em algo que, inadvertidamente ou não, se construía mal acabado para si e para os outros... E reaprende intimamente a tornar-se melhor, conquanto falível como qualquer pessoa. A arte tem esse misterioso condão de propor a reflexão para a aceitação dócil às mudanças...
– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/4250257