Pequenos diálogos filosóficos - Parte I
Ao certo não sei porque perguntei aquilo a ele, mas o fiz.
- Posso passar?
- Passar? – perguntou ele. Imediatamente colocou aquele sorriso cínico no rosto.
- Sim, passar – falei com um tom mais insolente, olhando diretamente em seus olhos - Será que posso passar?
- Passar? Perdão meu senhor, mas como pretende fazer isso? - novamente aquele sorriso cínico e um olhar snobe surgiram nele.
- Escute...
- ... Escute você filho! Você não pode passar por mim, nem ir contra, nem voltar por mim, nada, absolutamente nada lhe é possível, então para que pedir-me? Eu sou seu rei e você é meu servo, e sempre será assim. Será que não percebe que seu passado, seu presente e futuro estão em minhas mãos?
Fiquei parado em silêncio com a pergunta enquanto via seu sorriso esbanjar-se pelo ar. Ria sem parar, e eu não fazia nada, nada, a não ser observar. Aquele riso excessivo, aquele olhar zombador, aquele poder monstruoso, deixava tremendo-me e ao mesmo tempo com cólera, tinha vontade de partir, esmagar, fugir... Mas o mesmo olhar forte escondia sua fragilidade, sua inexistência, o seu nada. Então lhe perguntei:
- Posso fazer uma pergunta Senhor?
- O que ainda pretende perguntar-me meu jovem? Como se eu não soubesse a resposta. Tudo bem... Vá em frente, pergunte.
- Achas que existiria sem mim? - não importava que ele soubesse ou não a resposta, mas importante é o que de intrínseco existia na pergunta. Nada ele disse, nada teve coragem de falar. E foi assim que consegui tirar a coroa, o poder e simplesmente calar o tempo.