SENSIBILIDADE: O SINO ESPLENDOROSO

O “fingir” também é expressão do sentimento. Esse tal de "sentir" é o moto-contínuo mais instável que se pode constatar no humano. E esta inquietação não é imanente só a este, veja-se os gatos e cães... Sempre que me dizem “como tu és sensível”, eu respondo, como pretendente ao conúbio poético: tenho que ter algo mais do que esse “sentir” – tenho que usar a inteligência para "pegar" a sensibilidade do meu leitor. É ele que tem de “sentir” pra que se cumpra o fado... É a intelecção que vai dimensionar o rasgo maior ou menor que a sensibilidade do receptor sofrerá ou não. Exceto a fortaleza efêmera (e irracional) da ira, que, acaso vinda, atingirá os dois... Não há, no humano, graus de sensibilidade maiores ou menores, diretamente, nascidos por si. O que existe é a escala gradativa do sentimento de POSSE sobre o objeto, dependendo da situação e do momento. E a intuição, fruto do inconsciente (freudiano) faz o registro – o insabido que aparentemente provém do nada. Um sino esplendoroso do som intermitente da sensibilidade, que ora ri, ora chora. E, no amar, se deslumbra ou se fragmenta...

– Do livro QUINTAIS DO MISTÉRIO, 2012.

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