O POEMA NUNCA ESTÁ PRONTO

Peço desculpas aos editores por lhes dar tanto trabalho na fixação do conteúdo e forma do texto, todavia, para mim, a arte poética é areia movediça. Resulta que o escrito nunca está finalizado para a publicação. Enquanto houver alento e sopro, nele, muito além de si – remexidamente – move-se a vida. O leitor por certo saberá escusar por sentir-me à busca de um concepto de poema que chegue perto do real, mas não tão perto que se escafeda o mistério de saber-se vivo por palavra e raiz. Continente e conteúdo são faces de uma única moeda e precisam valer em poder aquisitivo (a quem o toma) e suprir o fascínio do receptor pela apresentação estética.

– Do livro QUINTAIS DO MISTÉRIO, 2012.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/3912571