A LÓGICA DA CRIAÇÃO

Amada poeta! Espero tenhas gostado do longo estudo “A POSSESSÃO NO TEXTO”, publicado em http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/3901556 , e que este possa te despertar para alguns detalhes da construção em Poesia, especialmente para o uso das METÁFORAS. Sem elas não há como se corporificar a linguagem poética. E tal é tarefa especialmente difícil no terreno lírico, porque a tendência é que o autor escreva uma espécie de bilhete amoroso ao objeto de seu afeto – mesmo que nem se aperceba – ou queira abrir suas confidências ao leitor, numa espécie de “dar vida às suas fantasias”, já que no mundo das realidades o amado (a) se escafedeu no mistério dos jogos amorosos. Por vezes, o único consolo (que ainda resta) é somente o relato sobre o afeto e o ludismo do amar, que o objeto amoroso inspirou. Ainda não tive tempo (e nem inspiração solta) para examinar a tua obra anterior, sobre a qual me havias pedido o exame analítico. Estou deixando decantar o que penso sobre aquele texto para depois publicar o estudo. Como bem podes ver, até para a construção crítico-analítico-literária é necessário empatia para com o texto. Ver o escrito com bons olhos, com afetividade imediata. Se isso não ocorre, deixa de exsurgir a "inspiração" ou a “espontaneidade”, que é a centelha original para se proceder à "transpiração" posterior. O processo é similar ao do surgimento do poema no mundo da criação artística. Na primeira hipótese, o que o constroi é a INTUIÇÃO; na segunda, a INTELIGENCIA, porque esta é resultante do ato de pensar sobre o conteúdo que a obra propõe. No meu caso, não há como esquecer que, antes de tudo, é um poeta que se atreve a opinar sobre a obra de terceiro. Não deixa de ser a ótica irradiada pelo facho da arte poética. Entendo que um contumaz prosador até poderá ter outra visão sobre o objeto estético a ser analisado. Creio que as duas abordagens serão importantes para o autor do texto em análise... Afinal, este é o exercício da tal “intimidade intelectual”, e que é decorrente da CONFRATERNIDADE.

– Do livro QUINTAIS DO MISTÉRIO, 2012.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/3902404