Os Gêneros Literários

                                (Ernani e Nicola)
 
     A literatura, quanto à forma, pode se manifestar em prosa ou verso.  Quanto ao conteúdo e à estrutura, podemos enquadrar as obras literárias em gêneros.
 
     A divisão mais clássica dos gêneros foi feita por Aristóteles, cerca de 350 a.C; o filósofo dividiu a produção poética da época em três gêneros: lírico, dramático e épico (este último inclui todas as manifestações narrativas).
 
     Entretanto, por nos parecer mais didática, adotamos uma divisão em quatro gêneros literários, acrescentando o gênero narrativo, que compreende as narrativas em prosa.
 
 

 
                              Gênero lírico
     Seu nome vem de lira, instrumento musical que acompanhava os cantos dos gregos.  Por muito tempo, até o final da Idade Média, as poesias eram feitas para serem cantadas. 
     Nas obras líricas, um "eu" nos passa uma emoção, um estado de espírito; nota-se assim o predomínio dos sentimentos, da emoção, o que as torna subjetivas.  Pertencem a este gênero os poemas em geral, destacando-se:
 
Ode e hino - os dois nomes vêm da Grécia e significam "canto".  Ode é a poesia entusiástica, de exaltação.  Hino é a poesia destinada a glorificar a pátria ou dar louvores às divindades.
 
Elegiaé a poesia lírica em torno de acontecimentos tristes ou da morte de alguém.
 
Idílio e écloga - são poesias pastoris, bucólicas.  A écloga difere do idílio por apresentar diálogo.
 
Epitalâmio - poesia feita em homenagem às núpcias de alguém.
 
Sátira - poesia que se propõe corrigir os defeitos humanos, mostrando o ridículo de determinada situação.
 
     Quanto ao aspecto formal, as poesias podem apresentar forma fixa ou livre.  Das poesias de forma fixa, a que resistiu ao tempo, sendo cultivada até hoje, foi o soneto. 
     O soneto é uma composição poética de catorze versos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos.  Apresenta sempre métrica e rima.  
     Soneto significa "pequeno som"; teria sido usado pela primeira vez por Jacopo de Lentini, da Escola Siciliana (século XIII), tendo sido, mais tarde, difundido por Petrarca (século XIV).

 
 
 
                              Gênero dramático
     Drama, em grego, significa "ação".  Ao gênero dramático pertencem os textos, em poesia ou prosa, feitos para serem representados, quando “atores, num espaço especial, apresentam, por meio de palavras e gestos, um acontecimento". 
     Compreende as seguintes modalidades:
Tragédia - representação de um fato trágico, apto a suscitar compaixão e terror.
 
Comédia - representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil, em geral criticando os costumes.
 
Tragicomédia - a mistura do trágico com o cômico. Originalmente, significava a mistura de real com o imaginário.
 
Farsa - pequena peça teatral, de caráter ridículo e caricatural, criticando a sociedade e seus costumes; baseia-se no lema latino Ridendo castigat mores ("Rindo, castigam-se os costumes").
 
 
 
                              Gênero narrativo
     Como já afirmamos, o gênero narrativo é visto como uma variante moderna do gênero épico, caracterizando-se por se apresentar em prosa.  Manifesta-se nas seguintes modalidades: 
Romance - narração de um fato imaginário, mas verossímil, que representa quaisquer aspectos da vida familiar e social do homem.  
     Podemos dividi-lo em romance de cavalaria, romance de costumes, romance policial, romance psicológico, romance histórico etc.
 
Novela - breve mas viva narração de um fato humano notável, mais verossímil que imaginário.  É como um pequeno quadro da vida, com um único conflito.  Em geral, apresenta-se dividida em alguns poucos capítulos.
 
Conto - narração densa e breve de um episódio da vida; mais condensada do que a novela e o romance. Em geral, não apresenta divisão em capítulos.
 
Fábula - narrativa inverossímil, com fundo didático;
tem como objetivo transmitir uma lição de moral.
 
Crônica - deriva do radical latino crono, que significa "tempo".  Daí seu caráter: relato de acontecimentos do tempo de hoje, de fatos do cotidiano. 
     Desde a consolidação da imprensa, ela se caracterizou como uma seção de jornal ou revista em que se comentam acontecimentos do dia-a-dia.  Segundo Antonio Candido, a crônica  
"é filha do jornal e da era da máquina, onde tudo acaba tão depressa.  Ela não foi feita originariamente para o livro, mas para essa publicação efêmera que se compra num dia e no dia seguinte é usada para embrulhar um par de sapatos ou forrar o chão da cozinha".
 
     Por essa razão, a crônica foi considerada um "gênero
menor".  Modernamente, em função da qualidade literária de cronistas como Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Rachel de Queiroz, Luís Fernando Veríssimo e Lourenço Diaféria, entre outros, ela é comparável ao conto, sem perder, no entanto, o seu tom coloquial.
 

          
Fonte de consulta:
Português para o Ensino Médio, de Ernani Terra e José de Nicola.  570 p.  Ed. Scipione, SP, 2007.


     Veja, também,  Os Gêneros Literários (adaptado da Internet)

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Ernani e Nicola
Enviado por Jô do Recanto das Letras em 19/07/2012
Reeditado em 01/08/2012
Código do texto: T3787158
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