Minha Travessia em Grande Sertão:Veredas
Isso ou aquilo?
Estás aqui ou lá?
És um reflexo:barco que navega entre neblinas
Por toda parte estás.
És uma ilha
Com teus feitos cravados, no imenso corpo do Brasil
Teu grito explode um canto místico
Oscilando entre a força e o hostil
Trazes engrazada tua riqueza
Nas páginas,símile do herói medievo
Aclimatas o sopro telúrico dos naturais
O ar que dá a vida,o rio que passa
O vento que burila,os buritis.
Conduze-me numa linguagem viva
O peito submisso de prisioneiro leitor
E, proclamas a mágica do contexto claro e escuro
No grito da consciência,no eu denso,absorvente
Continuas a viagem
Calmo,cativo e sedutor.
Buscas dentro de mim
Sombreamente
Eu ao inferno da compreensão
Embriagando-me no pungente orgasmo estético
Por eu não saber
O milagre tão pequeno
E grande da tua criação.
Retratas em revoltas ondas e vaivéns
O flutuar dos homens nas águas do destino
Espumas neste céu de hora ignota
O teu indagar infinito,o teu princípio
À espera da hora de reencontrar.
Teu grito faz desabar em mim o jogo do encontro
Estampou-se em meu rosto
Machucando-me a consciência:
"Viver é perigoso"
E,continuaste jogando-me no claro escuro da vida,
Explodindo-me
Num grande ponto de interrogação.
"Somos nonada"
Mirei e vi o homem atravessar
Temendo o sucesso e o fracasso
Olhando pela janela
Sonho...miragem ou quimera?
Buriti...
Demo...Deus...
Quem esperas?
"O senhor sabe"
E, quem é o senhor?
Por acaso, sou eu?
Não sei nada sei
E,só tu sabes,nesta tua viagem
Continuas sedutor
Caminhando caminhos num ritmo perfeito
Buscando a força de aço
Não sei se és sonho,não sei se és vida...
Só sei
Que o momento há de chegar
E, com ele a travessia retomará o ponto de partida
Quando o princípio dos mistérios despovoar.
Isso ou aquilo
O SERTÃO,eternamente há de rodar
Dentro da ciranda um dia
Sem veredas, sem neblinas
Cantando na lua e no sol irá
Como o homem e o rio baldo
Cruzar em direção ao mar.