PARTE UNIVERSAL
Autonomia da Poesia
Tema a ver com ressuscitar palavras
toda palavra tem um ponto morto sem motor
dorme ali num sono longo a possibilidade
de movimento
fazendo vento
e repercutindo nas mortes-vida Às vezes um ponto
mas tão intenso que é a presença
da Presença
Baluarte da Fala, guardado pelos versos
em unida Sentinela
Às vezes longo como a praia que se emenda à tarde
refletindo conchinhas cor de rosa, brancas
___ baba gostosa do verde mar!...___
Um poema é um número musical completo o poeta mestre
de elencar
com ventos... todo um Mar !...
O valor é imenso... e nem se vê...
Só o ato de fazer a palavra florir
de novo ___ e mais uma vez uma vez mais
capaz é de muito ouro, mas
o ouro essente que nem se vê :
só brilha...
O ato de soltar para a arte ser tudo... mais ainda...
Na brincadeira de polícia-ladrão
sempre tinha alguém que
soltava a gente
pés despidos, braços azuis
__e uma Borboleta imensa com cor e cheiro de alcaçuz__
tartaruga comendo a água verde do alface talo do dizer
desentalando flor...
O poema rio é feito de linhas aquáticas de palavras
se comunicando no longo tecido
líquido
( e aéreo como um dirigível )
Poesia é Dizer mais
Autonomia da Autonomia um só
Motor.
Mas, e o valor ?
Não se precisa ser longo como um Romance
nem dramático como um conto
seu dramático é por dentro!...
e constrói-se mais de uma certa ausência
meditativa...
Energética, faz segurarmos o bastão da Vida,
único, como um eixo__ ou um remo__ com ela
não adormecemos!...
Acordamos o significado
( que às vezes jaz sufocado de coisas )
Alimpamos a lápide da Vida Ninguém
___morreu...___
Há vários modos de olhar Poesia olha muito de perto
a tal ponto que nos tornamos as coisas
___na sua alteridade___
sem com elas___ nos confundirmos___ apenas
a elas emprestamos a nossa respiração
___É ver o coração___
E essa realidade plural ganha um prêmio sobre o pódio
porque se torna ___ a gota de Sol que é o Sol
de tal modo___ parte___... mas universal !