O ROMANCE DE TERROR OU GÓTICO

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Estudos Literários

 

O Romance de Terror que seria conhecido como Gothic Novel ou Gótico (combina elementos de terror e romance), nasceu no século XVIII, quando o autor inglês Horace Walpole (1717 - 1798), escreveu em 1764, a novela The Castle of Otranto (O Castelo de Otranto). É a primeira novela "gótica" da literatura (no prefácio da segunda edição, o próprio Walpole iria acrescentar-lhe o subtítulo Uma história Gótica). Desde então, o Romance de Terror não parou de atrair leitores do mundo inteiro. Geralmente, é ambientado em cenário lúgubre e desolado: conventos, castelos obscuros e assombrados, cemitérios com seus túmulos envoltos em bruma. Aborda toda série de horrores, mistérios terrificantes, torturas etc.

O castelo de Otranto foi publicado pela primeira vez como se fosse um texto em italiano, de autoria de um certo Onuphrio Muralto, traduzido para o inglês. Só mais tarde Walpole admitiria sua autoria, alegando ter-se inspirado em um sonho. Entretanto, supõe-se que este livro contenha, camuflado em seu desenvolvimento, uma resposta literária aos críticos, uma manifestação do ódio do autor pelo seu pai e também a firmação de sua heterossexualidade, em resposta aos rumores de uma possível homossexualidade. Mas, criticada ou não, a novela de Walpole foi publicada em mais de cem línguas e hoje é tida como um texto-marco na literatura assombrada.

Além de Walpole, podem ser considerados precursores do gênero William Beckford, autor de Vathek, de 1786; Matthew Gregory Lewis, que escreveu The Monk (O monge) em 1796; Clara Reeves, que publicou The Old English Baron (O velho barão inglês) em 1778; Ann Radcliffe, com seu The Mysteries of Udolpho (Os mistérios de Udolpho), de 1794; a Alemanha produziu um dos mais conhecidos romances góticos ou de terror: As Drogas do Diabo (Elixiren des Teufels, 1816) de Hoffmann.  Mas nenhuma alcançou o sucesso obtido pela também britânica Mary Shelley que, em 1818, publicou uma das mais famosas novelas de horror de todos os tempos: Frankenstein.

No século XIX, os livros proliferaram. E toda espécie de fantasmas, fossem vivos ou mortos, encheram as páginas dos livros e a imaginação dos leitores. Foi nessa época que o conto se firmou. E os contos de terror, que figurariam entre os gêneros mais populares da história da literatura, teriam no americano Edgar Allan Poe sua expressão maior. Foi por volta de 1830 que Poe começou a escrever suas histórias, publicando a primeira coletânea em 1839, Tales of the Grotesque and Arabesque (Contos do Grotesco e do Arabesco), já com sua marca.

Vampiros de todos os tipos têm feito aparições cada vez mais frequentes nas páginas dos livros. Algumas das histórias mais antigas são La Morte amoureuse (A morta amorosa) de Théophile Gautier, de 1836, considerada a mais importante história de vampirismo da literatura francesa, e Carmilla, de 1872, escrita pelo irlandês Sheridan Le Fanu. Mas o mais famoso autor desse subgênero do terror é sem dúvida Bram Stoker, que fez Drácula (1897).

No Brasil, Álvares de Azevedo (1831-1852), nos deixou muitos poemas, contos e peças teatrais com ingredientes que o tornam o mais representativo autor brasileiro da literatura gótica. A Lira dos Vinte Anos (1853) e a coletânea de contos A Noite na Taverna (1855), publicados após sua morte, é considerado o que há de mais gótico na literatura brasileira.

Góticas, sobrenaturais, de terror ou de horror, o fato é que as histórias desse gênero continuam fascinando justamente pela capacidade de assombrar e de inquietar o leitor. ®Sérgio.

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Bibliografia: BOSI, Alfredo – História Concisa da Literatura Brasileira, 3ªed., São Paulo, Cultrix. / VERÍSSIMO, José – História da Literatura Brasileira, Rio de Janeiro, Record, 1998.

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Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 21/05/2012
Reeditado em 21/05/2012
Código do texto: T3679501