Diário de Leitura 4

CEFET – Diretoria de Graduação - Departamento de

Linguagem e Tecnologia - Curso de Letras

Disciplina: Linguística Histórica

Prof.: Rosane V. G. Beltrão

DIÁRIO DE LEITURA

Referência:

MELO, Gladstone Chaves de. Iniciação à filologia e à linguística portuguesa. Rio de Janeiro : Ao Livro Técnico, 1981. p. 82-87. Capítulo V

Autor do diário:

Luís Antônio Matias Soares

A TRANSPLANTAÇÃO DAS LÍNGUAS ROMÂNICAS

Os conceitos de transplantação e (posterior) implantação de uma língua românica em outras terras surgem aqui enquanto exportação das principais línguas européias em terras dos continentes africano, asiático e americano. São elas as línguas espanhola, portuguesa, italiana e francesa.

O que eu observei de mais interessante – ou contraditório! - neste capítulo, reside numa “derrapada” dada pelo autor no terceiro parágrafo da página 82 ao afirmar que:

Tal língua se pôs em contato com os idiomas locais, muito diversos, e da luta entre uma (a língua portuguesa) e outros (os dialetos indígenas locais), resultou ora a sólida implantação do português, ora a sua alteração bem sensível, ora a franca deformação, por se lhe ter fundo e largamente impregnado o substrato indígena. (Melo, 1981, p. 82)

Quer me parecer que quando o autor usa o substantivo “deformação” em relação à língua portuguesa ele o faz querendo demonstrar que é a impregnação do substrato indígena o causador desta deformação, isto é, ele o faz a partir do ponto de vista do português e da língua portuguesa e como se os dialetos e línguas indígenas fossem inferiores àquele e o tivessem de fato deformado ou estragado.

O correto é que as línguas não se deformam no contato com outras línguas ou dialetos: elas apenas se alteram, mas, em verdade, se enriquecem neste contato. Foi o que aconteceu, por exemplo, com as línguas hispânicas quando da invasão árabe na Península Ibérica ou ainda com a presença da forte influência africana e indígena sobre o português transplantado/implantado no Brasil.