O COVIL DO INDOMÁVEL DRAGÃO

Para o bem da verdade, o que temos na atualidade (com mais de cinco mil anos de palavra escrita) é a constatação de que ‘quase’ tudo o que exsurge da cuca dos criadores poéticos e é apresentado – tanto na imprensa, em livros, e em especial, na net – é fruto de INTERTEXTO VERBAL: a ruminação daquilo que se leu, ouviu e se entronizou nos escaninhos da memória. Enfim, aquilo que o Aurelião, conceitua como o “texto literário preexistente a outro texto”. E é neste universo que se encontra o covil da novidade, aquilo que nos impressiona e que nos abre a porta da caverna: o indomável dragão que nos lambe com o fogo da criação... Nos sótãos do inconsciente o ‘novo’ se enlambuza desse mistério... Mais tarde, fora do cadinho em que se rebolca o fogo original, polimos a pedra bruta, tal qual um artesão que cinzela a peça... Tarefa também bonita, prazerosa e útil. E mais: definitiva na fixação do poema... Nestes sótãos estão disseminadas as sementes da CONFLUÊNCIA. Sim, porque, em Arte, não há "influências", e sim, "confluências", como apontara o mestre Quintana lá pelos anos 30 do século XX... Sossega, criador novato, timoneia a nave da espiritualidade, cria o poema! Brinda-nos com o teu estro...

– Do livro A POESIA SEM SEGREDOS, 2012.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/3657654