Análise do poema Monólogo
Explicação do poema
Monólogo
Sou hoje arremedo do humano que ao teu lado se fez presente
(o eu-lírico afirma viver como um simulacro humano apenas, diferente de um passado no qual era mais íntegro e cheio de si e doou-se ao ser amado, presente também no sentido de oferta)
A dor da tua falta diária, dos carinhosos momentos, do diálogo amoroso, dos delicados e ternos olhares compromitentes...
(sente a falta do ser amado pois não tem mais contato no dia-a-dia, da ligação amorosa, do coito, da confirmação do amor correspondido através do compromisso silencioso dos amantes pelo olhar)
Sim! Sem ti, agora, sou apenas uma imagem vazia por dentro!
(a confirmação de que não há mais amor correspondido dentro do eu-lírico e que sem ele o simulacro é uma imagem sem nada)
Voltar já não posso, pois o Tempo nos foi providente, guiando por mãos invisíveis, a nós, títeres viventes.
(queria a paixão de volta, mas sente que não tem como voltar ao estado passado, o tempo passou e guiou os amantes para novas realidades, onde o eu-lírico expressa a afirmação de que são fantoches sem vontade, sob a influência da divindade tempo)
Te deu nova vida e a mim uma ferida na alma sem precedentes...
(a divindade tempo providenciou novas oportunidades aos ex-amantes, dando um novo relacionamento a um deles, um novo amor ou um novo filho, e para o outro deu apenas sofrimento porque ele sente ciúmes porque a paixão ama outra pessoa)
Quem tanto te quis, tanto te amou, já não pode te ver, nem ter mais teu calor, nem ser o teu interlocutor prévio e providente.
(relata a decepção por ter investido na paixão e não ater mais por perto para manter a relação e ter a ligação amorosa tão desejada)
Amor! Jamais, nesta vida, de novo, serei sorridente.
(chama a paixão desesperadamente, sacramentando que no estado em que se encontra não quer mais compartilhar outro sorriso e ter outra paixão por medo de sofrer)
Pois não sou mais o teu confidente.
(finaliza com a confirmação de que fala ao vazio, realizando o monólogo solitário)
Monólogo
S/o/u h/o/je arremed/o/ d/o/ distante human/o/
Que a/o/ teu lad/o/ se fez presente.
A d/o/r da tua falta diária,
D/o/s carinh/o/s/o/s m/o/ment/o/s,
D/o/ diál/o/g/o/ am/o/r/o/s/o/, d/o/s delicad/o/s e
Tern/o/s /o/lhares c/o/mpr/o/mitentes...
Sim! Sem ti, ag/o/ra, s/o/u apenas
Uma imagem vazia p/o/r dentr/o/!
V/o/ltar, já nã/o/ p/o/ss/o/,
P/o/is /o/ Temp/o/ n/o/s foi pr/o/vidente,
Guiand/o/ p/o/r mã/o/s invisíveis
A n/ó/s, títeres viventes.
Te deu n/o/va vida e a mim
Uma ferida na alma sem precedentes...
Quem tant/o/ te quis, tant/o/ te am/o/u,
Já nã/o/ p/o/de te ver,
Nem ter mais teu cal/o/r, nem ser
/O/ teu interl/o/cut/o/r prévi/o/ e evidente.
Am/o/r! Jamais, nesta vida,
De n/o/v/o/, serei s/o/rridente.
P/o/is não s/o/u mais /o/ teu c/o/nfidente.
Análise: Vê-se que condizente com o nome do poema há distribuição da vogal /o/ por toda composição do poema, o que pode sugerir o som de um vocativo, um chamado pelo ser amado. Outra sugestão é a de que o círculo formado pelo desenho da letra /o/ é a forma de união, o casamento, que para o eu-lírico ainda não se rompeu, ecoando para o infinito, sendo o círculo o símbolo do infinito, condizente com a alegorização da entidade tempo por meio da consoante maiúscula /T/, sendo que a consoante /t/ está também distribuída na composição do poema, o que sugere esteticamente a ligação com o som do tic-tac do relógio, ou seja, do passar do tempo. Na questão da rima vê-se que há repetição do sufixo /ente/ no singular quando há explícito ou oculto um pronome pessoal do caso reto ou oblíquo singular ou no plural quando o pronome é plural. Como substantivo, /ente/ significa "ser", dessa forma toda vez que o pronome é plural, o sufixo /ente/ está no plural e quando é singular também acompanha o pronome. Isso sugere que o eu-lírico sente o rompimento da união dos seres e em seu monólogo reconhece ao utilizar o sufixo em alternância com o singular (solitário) e o plural (casal). No único caso em que o sufixo /ente/ está no plural e mesmo assim se refere ao eu-lírico no singular é para demonstrar o tamanho da dor que ficou depois que o tempo correu.