DESEJO DE MUDAR O MUNDO

Poucos se apercebem que o analista não quer “mexer” no poema do criticado somente porque o pretenda mutilar, e sim, com os exercícios de forma (e por vezes de conteúdo), tentar melhorar o texto para receber a empatia do leitor. É natural que autor e crítico tenham visões estéticas diferenciadas. Um deles tem maiores conhecimentos do que o outro, em regra. Também experiências de vida e visão estética diferenciadas. O momento do estudo crítico entre os dois deve ser uma celebração – uma curtição – como dizem os jovens. A possessão, que é o psíquico egoísta sobre o que o criticado escreveu, é impeditivo imediato que usualmente não permite que o analisado receba com alegria as sugestões críticas. O primeiro concílio analítico entre autor do texto e o seu interlocutor crítico tem que ter o mesmo gosto bom da concepção do escrito. Escrever, antes de tudo, é uma proposta de CONFRATERNIDADE, um olhar complacente sobre o estranho universo em que vivem os dois parceiros que desejam mudar o mundo pela Palavra. Quem concebe o poema somente para o seu deleite ainda não chegou aos domínios da Poesia...

– Do livro ALMA DE PERDIÇÃO, 2011/12.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/3577012