Sobre Haikai e Poetrix

Quando estive em contato com Haikais e Poetrix, ainda desconhecendo bastante a teoria sobre ambos, confundi um com o outro e às vezes, ainda o faço. Por essa razão, e vendo que muitos outros colegas poetas amadores como eu também o fazem, decidi estudar e repassar informações, não com teor histórico de cada um, mas no teor estrutural e contextual poético que os aproximam e os diferem:
Assim baseado em estudos de teóricos, vários estudiosos os quais me antecedem, elaborei uma ligeira sítese, que talvez, ajude aos meus nobres colegas em sua construção poética e a mim mesma, sempre que houver dúvidas no tocante aos Haikais e aos Poetrix.

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Haikais (ou da forma aportuguesada Haicai):

*A construção poética clássica (de origem oriental, japonesa) não admite título.

*É um terceto.
Tem como estrutura fixa uma estrofe com dezessete sílabas métricas, distribuidas em três versos assim constituidos:
   1º - com 5 sílabas;
   2º - com 7 sílabas, e
   3º - com 5 sílabas métricas.

* Faz referencia: a elementos da natureza, a eventos particulares (não generalizados), e ao tempo presente, não no passado.

Obs.: A forma moderna ocidental, segundo alguns autores, admite a utilização de título.

Exemplo de um haikai:

     1         2    3    4 5
         há/ fo/go/ na/ flor/ (5 sílabas métricas)

                  1    2    3 4     5 6 7
       ar/ti/fí/cio/ na/ta/li/no    (7 sílabas métricas)

                          1 2    3    4    5
           cri/an/ça/ fe/liz/     (5 sílabas métricas)
                      (de Manis)

Analisando: não possui um título, a palavra há - é verbo no tempo presente do indicativo, e o tema refere-se a um evento particularizado (cena natalina).

Poetrix (considerado, por alguns estudiosos, como um filho do Haikai):

* É um terceto - uma estrofe que admite-se no máximo trinta sílabas métricas em sua construção, distribuiddas em três versos, e título;

* Sua principal característica:
-ser minimalista (conciso).

* Outras características:
-polissemia (poli="muitos" e sema= "significados"; possibilidade de várias leituras);
- visibilidade (exploração de imagens);
-multiplicidade (expressões plurais);
-ser inusitado (causar "susto" no leitur, surpreender)
- e possuir originalidade.

Exemplo de um poetrix:

Título: TUDO E QUASE NADA

Texto: Transborda alado e colorido
                  Nas bordas quase floridas
                           De uma ilusão.
                          (de Nina Costa)

*Obs.: Nota-se que neste exemplo houve rima, mas não há necessariamente que haver (rimas são dispensáveis). Deve-se explorar bastante o título, que não entra na contagem das sílabas métricas e dá ao poeta uma gama de possibilidades...

**Obs.: Sílabas métricas ou poéticas são as sílabas que compoem os versos, que são contadas até a última sílaba tônica (forte) de cada verso. Não confundam sílabas métricas com sílabas gramaticais.

Por enquanto é só!...

Irene Cristina dos Santos Costa - Nina costa, 01/03/2012