SEM METÁFORAS NÃO FLORESCE A POESIA

Permitam que esclareça um assunto sobre a comunicação poética, que se tem apresentado controverso até para alguns autores assíduos nas páginas eletrônicas de vários sítios. Para que fique assente: é coisa diversa escrever POEMAS e COMUNICAR-SE. Ressalte-se que o poema é a MATERIALIDADE da Poesia, sendo que esta é imaterial e gênero literário, e tem seus cânones estéticos consagrados há mais de cinco mil anos. Um deles é a obrigatória utilização da LINGUAGEM FIGURADA, especialmente o uso das METÁFORAS, tropos que podem ser identificados por palavras ou, em raros casos, por ideias associadas através de expressões figuradas. Sem estas, não há como se caracterizar um texto como pertencente ao gênero poético. Comunicar-se, por escrito, é algo que qualquer pessoa executa ou realiza, desde que não seja analfabeto. Ser poeta – vale dizer – é ter cuidados e conhecimentos de Arte Poética. Em raras pessoas se constata o dom da Poesia, tanto na net quando nos livros, no entanto, como o papel aceita tudo há muitas que não se ab-rogam no direito de se designar POETAS... Tomam por alcunha o que é designação que não lhe cabe, e, sim aos leitores de seus textos. É o efeito da ansiedade, do cortejo à fácil popularidade... É só ter posses, poder de escambo pra poder mandar imprimir um livro de poemas e temos o “poeta com livro publicado”. O que notamos, usualmente, é que tais exemplares não chegam a conter poemas (com Poesia), e, sim – tal como na Grande Rede – o que vem a lume são meros recados amorosos, frutos da ânsia intimista e convidativa, menoscabando a Poesia como gênero literário. Basta examinar alguns espécimes da obra poética de autores consagrados como Cecília Meireles, Florbela Espanca ou Vinicius de Moraes, preciosos exemplos do lirismo amoroso. O efeito me parece nefasto: induzem em erro os autores neófitos e os leitores que pretendam ler Poesia... São alguns desses cânones estéticos da eterna Arte de Escrever que procuro passar aos novos e a outros menos estudiosos, porque, repito: DO NADA NASCE O NADA...

– Do livro A POESIA SEM SEGREDOS, 2009/12.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/3455438