Bryan Saunders, O último niilista vivo
Há um novo poeta existente no mundo e se sua existência deixar de ser notada no mundo inteiro este mesmo mundo perderá talvez o maior subproduto do niilismo que o mundo atual criou. Seu nome é Bryan Lewis Saunders.
Conhecido pela louca tarefa de desenhar variados retratos de si mesmo sobre a influencia de inúmeras drogas doadas por anônimos: a maioria legalizada, mas controlada, seu modo de desenvolver sua poesia é unico. Lembrando muito o fluxo de semi-consciência (ou, no caso de The Drug Portraits, puro inconsciente) de Clarice Lispector, caso você queira ouvir sua declamação faça isso algumas vezes, pois é impossível captar tudo de uma vez só.
Eu queria poder escrever esta tese da mesma forma como Bryan entrega seus versos: quase que sem uma lógica mas onde cada palavra tem uma carga ou de crítica ou de raiva por uma determinada situação.
Seus versos tem uma carga de acidez e raiva que conheci somente nos poetas de beatnicks de Nova York da década de oitenta, que o poeta Bryan Saunders parece ter adquirido influências de temas mas não exatamente de características de formatação e declamação.
Numa clara demonstração de neopsicodélia e uma desesperança que me lembra muito Augusto dos Anjos, inclusive no valor semântico que ele dá ao ato de destruição do próprio amâgo (embora eu duvido muito que haja algum projeto de reconstrução no caso do poeta Paraibano Modernista), ele escreveu o poema "I am a Vulture" (Eu sou um Abutre) numa clara alusão ao consumo de toda porcaria que a sociedade nos tem alimentado.
Em outras declamações ele da o parecer de uma militância pelo estilo de vida vegetariano, como por acaso lembrando o dia em que uma série de coelhos nomeados por ele mesmo encontrados todos mortos para consumo.
Única constante na sua obra ser a percepção de que somos intimamente desconexos finitos com o desejo muitas vezes insano de nos conectar com algo maior que nós mesmos e nos conectar com nos própria natureza, mesmo intimamente sabendo que tal ato nos mataria.
Em lista de paradoxos ele declama versos como: estou muito feliz que minha família esta no céu mas se eles não estivessem acho que não teria como eles saberem que as vezes me masturbo. Numa fusão extremamente desconcertante entre aquilo que é sagrado para o escritor e a verdade última: de que somos nojentos numa natureza humana nojenta.
Não há como eu explicar por completo como me sinto estranhamente satisfeito por ter encontrado tal poeta geograficamente tão distante de nós mas que tem encontrado meios de fazer seus versos fatos universais. Peço-lhes carinhosamente para que veja alguns de seus poemas por conta própria (embora eu só tenha encontrado eles em língua inglesa até hoje).