A FIGURA DO TRADUTOR/LEITOR E SUA FUNÇÃO COMUNICATIVA

Silvânia Mendonça Almeida Margarida

O leitor não é uma peça oposta ao ato de criar, porém entrosado no processo de criatividade do codificador, pois não seria possível a sobrevivência da mensagem, se não houvesse o ponto de consolidação do pensamento criado. Ambos, codificador e decodificador são peças de um processo de produção e recepção que fundamenta a vida histórica de uma obra.

Quando surge a imprensa no século XVIII, quando a literatura assume a forma impressa, com o crescimento do público-leitor, a obra torna-se infinitamente reproduzível, acessível a quantos quiserem lê-la: desta forma, a possível distância entre o produtor da obra e o seu leitor torna-se virtude altamente ilimitável.

No complexo estuário do século XX, o leitor assume uma sensível postura ante o compromisso do ser participativo deste sistema. O leitor, para agir e se ajustar neste espaço, tem que se introduzir no contexto como: receptor, transmissor, criador, modificador, tradutor e intérprete para subsistir ao peso do que a História lhe conferiu. A partir desta observação, o leitor do século XX possui múltiplas possibilidades de expansão e significação cultural.

Uma interpretação de uma obra literária com várias convenções, hipóteses e expectativas emerge através da avaliação da atividade do leitor. Falar sobre o significado da obra e a trajetória histórica do leitor é contar uma história de leitura.

Wolfgang Iser, em seu estudo The Act of Reading (1978), contribui para uma abordagem entre Literatura e Lingüística, partindo da dimensão pragmática da língua. Sob essa óptica, manifestações literárias ou não-literárias, norma e texto não se opõem, complementam-se, porque têm em comum a linguagem, concebida como instância de intermediação entre o homem e a sua realidade, como ato de comunicação. A interação do leitor com o texto é um processo dinâmico de auto-correção de significados. O leitor produz e corrige à medida em que avança na leitura. Para Wolfgang Iser, o leitor participa ativamente na produção do significado textual. Segundo Iser, o leitor deve agir como co-autor da obra ao suprir a porção que não foi escrita, mas que está implícita. O leitor é convidado a preencher os espaços vazios fornecidos pelo texto. Iser parte da premissa de que um texto só é capaz de suscitar algum efeito ou resposta quando lido. É um processo no qual interagem as estruturas textuais e a ideação do leitor. O leitor apreende a obra de arte através do prisma de sua própria época e os valores enfatizados são aqueles ideológica e esteticamente mais relevantes para ele naquele momento histórico. Porém, não são apenas contextos que influenciam o leitor, também as suas próprias preferências e conhecimentos interferem no ato de leitura. Assim, enfatiza Iser, os vazios textuais são resultados da interação do leitor com o texto. São unidades móveis em determinados momentos, que projetam devaneios, fugacidades, suspenses e outros fatores que envolvem o leitor e direcionam a sua leitura.

Neste contexto a tradução se insere como um ato de comunicação (Nord, Aubert). A tradução é um ato complexo de comunicação no qual o autor do texto da língua de partida, o leitor como tradutor, o tradutor como autor da língua de chegada e o leitor da língua de chegada interagem. A tradução assemelha-se a um processo de descoberta. O tradutor, como executor dessa descoberta, exercita o seu imaginário a partir das palavras de outro idioma, exercita o vínculo que o constitui enquanto sujeito sócio-histórico, cria o elemento essencial para a apreciação de uma obra, que é o seu total envolvimento de leitor com o que lhe é proposto, e realiza sua tradução.

Ao investigar a relação entre a tradução e a linguagem textual, Mary Snell-Hornby (1988:69,76,79 a 81) afirma que a evolução da lingüística textual e a emergência nos Estudos da Tradução como disciplina independente trouxeram novos enfoques para a categoria texto. Baseado no princípio holístico da Gestalt, entende-se o texto como uma estrutura multidimensional, sendo o todo maior do que a soma de suas partes, de seus segmentos.

A partir desse princípio, a análise textual, forma preliminar e básica para a tradução, deve partir da macro – para a microestrutura, do texto ao signo. Considera-se que o texto não é apenas um fenômeno lingüístico, mas tem uma função comunicativa, pois está inserido numa dada situação. A análise da estrutura do texto deve incluir, por exemplo, a relação entre o título e o conteúdo principal do texto, bem como a identificação da ambiência sócio-cultural.

Umberto Eco (1994: 64) pergunta: “Como um texto pode impor um ritmo de leitura?” Um dos resultados mais observáveis na tradução é o impacto que o ato de tradução tem sobre a prática de leitura de um texto. A leitura tem sua forma natural de diálogo e comunicação com o texto. E baseando-se no fato de que, todos os atos de comunicação são atos de tradução (Aubert), a leitura é considerada um ato de tradução. A leitura é vista como um processo contínuo de reconstrução. As palavras ganham significados através de suas associações com outras palavras, através da ligação com o seu passado histórico e cultural e, através de suas construções rítmicas e de som dentro da frase dada.

Segundo Arrojo, (1993:18) “seria ingênuo e simplista estabelecermos normas de leituras que contassem com a possibilidade do resgate total dos significados “originais” de um texto ou da intenção do autor.” Na verdade, “ o leitor de um texto não pode proteger os significados originais de um autor porque, a rigor, nem o próprio autor poderia estar plenamente consciente de todas as intenções e de todas as variáveis de seu texto.” Então, “o leitor, jamais poderá deixar de lado aquilo que o constitui como sujeito e como leitor - suas circunstâncias, seu momento histórico, sua visão de mundo, seu próprio inconsciente.” Sua relação com “o texto será sempre mediada pelo processo de interpretação: mais criativo do que conservador, mais produtor do que protetor” (Arrojo, 1993:19).

Conforme Carmem Lia Puff (1995:43), na abordagem de Levý (1969), a segunda etapa da tradução é a recepção da obra: o tradutor é, em primeira instância, em primeira linha , o leitor. O texto de uma obra se perpetua no universo cultural que existe dentro do leitor e só interfere como obra de arte quando for lido.

Baseando-se em Levý, Puff afirma:

A obra chega às mãos do leitor e tradutor em forma de texto, e este texto atua na recepção como material objetivo. Assim, por intermédio do tradutor, ele se concretiza. É necessário o juízo crítico para interpretar: o conceito de concretização é entendido no sentido dele se realizar em outra língua. A compreensão subjetiva do texto através do juízo crítico é um dado com o qual devemos contar, pois ela encerra certos perigos. A leitura interpretativa do leitor é condicionada historicamente, como a concepção do escritor, na qual diversos aspectos interagem. (1995: 43)

O leitor se interage a obra através do tempo. Como o tradutor é condicionado historicamente, “existe uma relação entre a tradução e a cultura receptora. A história estará presente na linguagem do original e da tradução e acarretará transformações no texto.”

Puff acrescenta que:

O tradutor confere sua concepção da obra com a expressão da língua, e assim vem renovada numa materialização lingüística dos valores semânticos da obra. O leitor comum não confere sua interpretação mediante os valores formais do texto. A leitura do tradutor é minuciosa, procura nas entrelinhas significados ocultos, produzindo novos significados à obra, as quais não eram prioridade na concepção original. A linguagem do tradutor está presa a do escritor, mas ela se reatualiza na tradução como fator natural, marcado pelo tempo histórico da tradução, via interpretação(1995:44).

Segundo Cecin (1994), o texto escrito permanece cristalizado em suas formas. Baseando-se em Charaudeau (1982), esta afirma que é difícil refazer o processo de intenção do autor, mas é possível analisar os efeitos produzidos por seu texto. Podemos, portanto, observar numa tradução qual foi a intenção interpretativa do autor junto ao texto. Cecin argumenta que:

O explícito do texto, com marcas da intencionalidade do autor, é sempre uma proposta de partida. O processo de compreensão na obra literária é bem mais complicado e de difícil acesso para o pesquisador na área de tradução. Não se trata de uma simples operação mental, a ser observada, mas uma análise do conjunto de valores afetivos, expressivos e estéticos, que participam da criação do sentido e de seus efeitos. Nesse conjunto, a forma, não como um fim em si mesma, mas como desempenha um papel primordial (1994:61).

À guisa desta argumentação, uma observação de Delisle (1981) confirma a identidade do tradutor como um leitor especial, produtivo e dinâmico:

(...) tradutor que compreende o sentido de um texto é como o leitor a quem se pede que “se comprometa”, ou seja, que revele explicitamente, até nos mínimos detalhes, o que compreendeu. Um simples leitor pode ter a ilusão de que a sua compreensão foi completa e exata; ele pode até simular que compreendeu tudo. O tradutor, por sua vez, não pode nunca esconder sua ignorância, sua falta de compreensão. E seus árbitros serão ainda mais impiedosos, na medida que eles mesmos não são tradutores... Mais do que trair, traduzir é trair-se (1981:69).

Delisle manifesta aqui a diferença básica entre o leitor comum e o tradutor. A interação do leitor comum com o texto pode-se processar através da formação de imagens, no entanto, a interação do tradutor tem de estar também necessariamente vinculada a uma fixação lingüística.

Para Greuel (1997), “o primeiro tradutor é sempre o último leitor do texto original até então existente, visto que, esse, após a tradução, deixa de ter uma” revelação excepcional e única. Por outro lado, segundo Greuel, o tradutor será também o primeiro leitor da nova personificação da obra.

Greuel afirma nesse sentido que:

...ele passa a ser autor, porque uma característica essencial de ser autor é ser primeiro leitor da obra. O texto original muda pois, mediante a tradução e o seu estatuto. Passa, por vezes, até a substituir o original. O tradutor é, portanto, o autor de uma nova forma, e como a forma dá o acesso ao conteúdo, ele é o autor de uma forma específica de abordagens do conteúdo expresso no original. (Greuel, 1997)

O tradutor, a partir da sua vivência, do seu conhecimento prévio, cria o seu próprio repertório, as convenções e os elementos direcionadores que lhe permitem concretizar a sua realidade estética e passá-la às suas traduções.

O texto literário por si realiza a animação de um conjunto de informações que se constitui na bagagem de vida do tradutor. Pode-se explorar essa qualidade e trazer o tradutor para um diálogo com o texto. A leitura do original e o texto traduzido se transformam, assim, em oportunidade de discussão sobre a própria experiência do leitor-tradutor. Parte do que se convencionou chamar de “o gosto de ler” ou no caso específico do tradutor, ler pelo gosto de traduzir relaciona-se aos aspectos afetivos e éticos que o texto pode proporcionar ao tradutor. Quando o tradutor se identifica com o texto, ele realiza seus desejos, daí o prazer e o gosto de traduzir, o gosto pela sua profissão. A cada vivência tradutória o tradutor acumula aspectos culturais e significativos, que poderão ser aproveitados em textos subseqüentes, e que se transformarão em uma grande bagagem tradutória.

Entre as várias contribuições dos Estudos da Tradução, destaca-se o reconhecimento do ato tradutório como ato comunicativo onde todos os componentes do processo interagem dinamicamente, tornando questionável o apagamento do tradutor que, enquanto leitor, participa do processo de construção de sentido. Sob esta perspectiva o ato tradutório ressalta como ato de decisão como apontado por Aubert:

...será com base na dinâmica das relações imagéticas e dentro dos limites do conjunto de mensagens efetivamente depreendidas que o tradutor, longe de ser um médium passivo para a manifestação do Autor e do texto de partida, terá de tomar decisões no mais diversos níveis: comunicativo, lingüístico, técnico. É, portanto e inevitavelmente, agente, elemento ativo, produtor de texto, de discurso (1993:80).

O leitor-tradutor é um co-autor de significados e a tradução é um processo de transferência cultural, cujo papel é determinado não apenas por aptidões e preferências individuais, mas também pelo momento histórico e pela função que o texto desempenha na cultura de chegada (Iser, 1984, Jauß, 1979).

Para a produção de uma tradução, o leitor-tradutor torna-se um sujeito cognitivo e o texto de partida um objeto formal. Assim, o relacionamento do tradutor com o texto de partida estabelece uma operatividade. Esta operatividade é a realidade do leitor-tradutor, o seu saber prévio, o conhecimento do público-alvo, formas e temas de obras já conhecidas. A presentificação das experiências vividas pelo tradutor, em favor do autor e do original a ser traduzido, coloca a leitura como um processo interativo, em que a compreensão estabelece um entrosamento entre duas culturas, nos vários níveis do conhecimento. No processo da construção do sentido o tradutor atua com as suas experiências pessoais de vida adquiridas, que são presentificadas durante o ato da tradução.

O prazer de traduzir permite a inserção ética do leitor-tradutor no mundo social, a partir do momento em que a tradução torna-se um ato cultural e comunicativo, dando-lhe a chance de produzir novos significados, novos códigos na cultura receptora, em função do leitor da tradução.

O ato de tradução é um ato qualificado que envolve tanto um exercício intelectual, como um exercício crítico e analítico. É um trabalho árduo (nem por isso menos prazeroso), fundamentado em muitas propostas de significação, para a produção do sentido entre dois idiomas, ou mesmo, entre duas culturas. Traduzir não se restringe a um ato cognitivo que instrumenta o leitor-tradutor para a decodificação da realidade do texto de partida. O ato de tradução possibilita um processo duplo de envolvimento, ou seja, a construção de uma nova realidade no texto de chegada.

A partir destas constatações, é possível afirmar que traduzir exige um reconhecimento consciente da obra, exige a compreensão do valor estilístico das expressões lingüísticas e a compreensão da realidade na cultura de chegada.

O tradutor trabalha em função da recepção da obra, da sua função comunicativa, do seu público-alvo, dentro das suas intervenções subjetivas, do seu estilo, da sua tradução, constituindo-se um elo de ligação entre o autor e o leitor. Atuam ao contrário do leitor comum, e, com seus pontos de vista interpretativos conscientes sabem dizer o original ao seu leitor.

Conclui-se que, este estudo pode oferecer, eventualmente, subsídios para investigações futuras, levando em conta que tradução é arte.

A arte, ao contrário do que possa parecer, é o modo mais exigente de conhecer a obra do outro, e, no caso da tradução, busca novas cognições e o prazer na leitura. O leitor-tradutor, sem qualquer contradição, com o seu estilo de ator e protagonista da obra, que vive cada detalhe, intenção, tonalidade e expressão, sempre será o principal meio da transladação de culturas. Pode vivenciar intensamente a polissemia das representações humanas, de acordo com a complexidade da arte tradutória e da arquitetura textual.*

Referências Bibliográficas

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* Nota: Este texto é parte integrante = Dissertação de Mestrado O BARRIL DE AMONTILLADO DE EDGAR ALLAN POE: UMA ANÁLISE CONTRASTIVA DE TRÊS TRADUÇÕES, orientada pela Profa. Dra. Veronika Benn-Ibler , na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, defendida e aprovada em 16 de março de 1998.

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 11/12/2011
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