Caráter versus Personalidade

Prólogo

Muito já se escreveu, escreve-se, e, ainda, escrever-se-á sobre o tema que ouso no momento dissertar. Essa eufonia (escrever-se-á com dissertar) não foi proposital.

Ocorre que um poeta, seja ele incipiente ou experiente, haverá sempre de extravasar sua poesia seja em devaneios, assuntos sérios e reais, fazendo som ou combinação de sons que é agradável e harmonioso ao ouvido mesmo que essa intenção não queira manifestar.

É espontânea toda a emoção desenfreada diante de um teclado existente em uma sala com temperatura controlada, som harmonioso em ritmo suave tal qual "Woman in Chains" (Tears for Tears) entre outros não menos aprazíveis: Vangelis, Brothers in Arms, Enigma, Solaris, Simply Red, Time Out, Etc.

Claro que há quem entenda ser cafona essa sucessão harmoniosa de fonemas pelo encadeamento feliz ou desairoso de sons (vogais) e articulações (consoantes), livre de repetições, combinações dissonantes ou desagradáveis etc., mas há os leitores que estimulam essa prática tecendo comentários enaltecedores aos escritos nem sempre esclarecedores.

Que posso fazer se de outra forma não sei pensar, falar, escrever? Só espero que me aturem os pacientes, mesmo que me odeiem os maldizentes.

Só não posso deixar de ser eu mesmo para as almas, espíritos e pessoas reais ou imaginárias tão sofridas, solidárias e, mais do que eu carentes. Conseguem compreender? É assim que faço acontecer a eufonia boa ou má, tais quais pessoas relapsas, que não quero nominar, maledicentes.

Neste texto tentarei fazer um paralelo entre os termos: Caráter e Personalidade. Conseguirei? Não sei. O poeta Carlos Drummond de Andrade dizia e escrevia que:

"Às vezes, inventar é mais fácil do que nos adaptarmos ao inventado.". Não inventarei! Todavia, darei asas à imaginação para intentar escrever sobre assunto tão sério, quiçá insulso e insurgente.

TEMPERAMENTO

O temperamento é a combinação de características congênitas que subconscientemente afetam o procedimento do indivíduo. Essas características são coordenadas geneticamente com base na nacionalidade, raça, sexo e outros fatores hereditários.

Essas características são transmitidas pelos gens. Alguns psicólogos chegam a insinuar que herdamos mais gens dos nossos avôs do que dos nossos pais. Essa seria a razão de algumas crianças se parecerem mais com os avôs do que com os genitores.

A formação das características do temperamento é tão imprevisível quanto a cor dos olhos, dos cabelos, ou a dimensão do corpo. Por que isso ocorre? Ora, todos sabem que o meio transforma, conduz ou dar um empurrãozinho na preparação do caráter que estará sempre em mudança a depender da variação das condições desse meio ambiente (social, familiar, cultural, etc.).

CARÁTER

O caráter é o verdadeiro eu. A Bíblia se refere a ele como "a essência secreta do coração". É o resultado do temperamento natural burilado pela disciplina e educação recebidas na infância, pelos comportamentos básicos, crenças, princípios e motivações. É, algumas vezes, denominada "a alma" do homem, que é composta de cérebro, emoções e vontade. Alguns adquirem mais vontades negativas do que positivas, mas isso é outra história.

PERSONALIDADE

A personalidade é o semblante externo de nós mesmos, que pode ser ou não igual ao nosso caráter, dependendo de quão autêntico sejamos. Frequentemente, a personalidade é uma fachada agradável para um caráter desprezível ou medíocre.

Muitas pessoas, hoje em dia, representam um papel, baseando a sua atuação naquilo que presumem que um indivíduo deve ser, e não no que elas realmente são. Esta é a fórmula para o caos mental e espiritual. É causada pela obediência à norma humana de conduta aceitável. A Bíblia nos diz, "O homem olha a aparência externa, e Deus olha o coração!" e "As fontes da vida têm origem no coração" (desse modo imaginam os visionários iguais a mim).

A área para mudar-se de procedimento está dentro do indivíduo, e não fora dele. Personalidade é um termo que apresenta muitas variações de significado. Em geral representa uma noção de unidade integrativa do ser humano, pressupondo uma idéia de totalidade.

No senso comum é usada para se referir à capacidade de rápidas tomadas de decisão, para se referir a uma característica marcante da pessoa, como timidez ou extroversão, por exemplo, ou ainda para se referir a alguém importante ou ilustre: “uma personalidade”. A personalidade atribuída a uma pessoa pode definir, para o senso comum, se esta pessoa é boa ou má.

A psicologia evita este juízo de valor. A personalidade seria um conjunto de características que diferenciam os indivíduos. A psicanálise afirma que a estrutura da personalidade já está formada aos quatro ou cinco anos de idade, enquanto que, para Piaget, ela começa a se formar entre os oito e doze anos.

O caráter, temperamento e os traços de personalidade são termos que se referem a esta noção. Alguns distúrbios podem se relacionar à personalidade, gerando conceitos patológicos, como é o caso da personalidade múltipla (Ver o texto “Dupla Personalidade ou Transtornos Dissociativos” em:

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/2513698).

CONCLUSÃO

O temperamento é a combinação de características com as quais nascemos; o caráter é o nosso temperamento burilado, "civilizado"; e a personalidade é o "rosto" que mostramos ao próximo. Esse rosto, às vezes, sorridente esconde sofrimentos acumulados ao longo dos anos mal vividos.

Os mal-aventurados sabem do que escrevo neste momento porque haverão de fazer um muxoxo tentando decifrar ou antever o que escrevo nas entrelinhas. Alguns maldizentes haverão de fazer interpretações esconsas deste meu escrito. Ao analisarem minhas palavras escriturais, certamente com a lupa do desengano, farão erradamente para contradizer a frase: “O caráter é o verdadeiro Eu. A Bíblia se refere a ele como "a essência secreta do coração”.

Na contradita ou impugnação do meu escrito haverão de comentar entre risos zombeteiros: “Ora, como pode esse doido escrevinhador de meia-tigela dizer que o “caráter é o verdadeiro Eu...” se logo abaixo afirma que: “A personalidade é o semblante de nós mesmos?”.

O que é verdadeiro? O que pode ser mascarado? A personalidade é extrínseca ou intrínseca? Não me decepcionarei com essas mesquinhas e malfadadas dúvidas. Tenho um álibi em minha defesa. No dia da publicação deste texto eu me encontrava hospedado no Gramado Portal Hotel. Não sou o responsável por este escrito. Tenho provas!

Na minha ausência, durante minha estada na cidade de Gramado-RS, o meu dicotômico Henrique resolveu por as garras de fora e aceitou o meu desafio para escrever sobre tão surreal e controverso tema. Experto, Henrique disse:

“Escrevo o texto, mas você o assina como se fosse escrito por você mesmo. Aliás, eu só existo no mais recôndito de sua insana imaginação e por isso mesmo não lhe dão crédito." – dando um risozinho meio sardônico complementou: "Você tem a personalidade, mas Eu tenho o caráter e desse modo você acredita que nos completamos. Ledo engano. Sou um mito!".

Ao que retruquei: É verdade, às vezes, discutimos trivialidades, não concordamos em tudo. Digladiam-se caráter e personalidade, mas em contrapartida somos complemento à ação um do outro para a consecução do mesmo objetivo. Isto é, com nossa indelével dicotomia deixamos mais confusos nossos inúmeros leitores.

Devaneios à parte, encontrar uma exata definição para termo personalidade não é uma tarefa simples. O termo é usado na linguagem comum - isto é, como parte da psicologia do senso comum - com diferentes significados, e esses significados costumam influenciar as definições científicas do termo.

Assim na literatura psicológica alemã costuma ser usado de maneira ampla, incluindo temas como inteligência; o conceito anglófono de personality costuma ser aplicado de maneira mais restrita, referindo-se mais aos aspectos sociais e emocionais do conceito alemão.

Carver e Scheier dão a seguinte definição: "Personalidade é uma organização interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportar-se, de pensar e de sentir característicos de uma pessoa". Esta definição de trabalho salienta que personalidade:

• É uma organização e não um aglomerado de partes soltas;

• É dinâmica e não estática, imutável;

• É um conceito psicológico, mas intimamente relacionado com o corpo e seus processos;

• É uma força ativa que ajuda a determinar o relacionamento da pessoa com o mundo que a cerca;

• Mostra-se em padrões, isto é, através de características recorrentes e consistentes;

• Expressa-se de diferentes maneiras - comportamento, pensamento e emoções.

Provavelmente esta linguagem absconsa não terá a mesma acolhida que alguns dos meus textos eróticos. Isso será compreensível! Trata-se de um texto surreal e, por isso, haverá de ter um público seletivo e menos apegado aos prazeres materiais.

Prazer é sentir uma sensação de bem-estar. Uma pessoa pode ter prazer sem se demonstrar alegre, e vice-versa. Mas, socialmente, as pessoas costumam demonstrar alegria ao sentir prazer, o que pode ser bom ou mau para as outras pessoas, dependendo do contexto.

Em geral, o prazer é uma resposta do organismo ou da mente indicando que nossas ações estão sendo benéficas à nossa saúde. O prazer pode ser atingido através de várias maneiras, tais como praticando exercícios, alimentando-se, bebendo, sexualmente, escutando música, usando de drogas, lendo, escrevendo, realizando algo que, particularmente, cause prazer em um indivíduo.

O prazer também poderá ser obtido reconhecendo outrem, servindo a outro ou a um determinado ser superior (Deus, por exemplo, pelos cristãos) ou qualquer outra atividade imaginável. A dor, muitas vezes tida como oposto do prazer pela maioria das pessoas, também serve, às vezes, como motivo para proporcionar prazer a um indivíduo (conhecido pela terminologia médica masoquismo).

De certa forma há um consenso de que uma vida bem vivida, sob ponto de vista humano, é uma vida repleta de prazeres que confortem tanto o corpo como a mente dos indivíduos em si, assim como em grupos (sociedades).

"Os prazeres do amor jamais nos serviram. Devemos nos considerar felizes se não nos aborrecerem." (Epicuro).

"Se um homem pudesse ter metade dos seus desejos realizados, teria mais aflições do que prazeres." (Benjamim Franklin).

"É válido procurarmos conhecer a que má e penosa servidão nos sujeitamos quando nos abandonamos ao poder alternado dos prazeres e das dores, esses dois amos tão caprichosos quanto tirânicos." (Sêneca).

Os prazeres mais excitantes que tenho obtido estão: Na leitura de bons livros, nos devaneios pensados e escritos, no regar das plantas, no brincar com meus cachorros e calopsitas; ao ouvir boa música, na caminhada tranquila pela Avenida das Hortênsias, durante sonhos coloridos, ao pensar na boa estrutura da família; na interação das ideias sobre as conquistas dos meus benquistos ideais.