Vivos mortos da África
Vivos mortos na África
Se um homem fosse capaz de reproduzir tantos filhos quanto os cadáveres vivos da África, e este pai fosse o mais poderoso dos homens, em mando e desmando, capaz de num estalar de dedos fazer brotar frutos da terra seca, abrir fenda na rocha e, dela jorrar água, ou fazer surgir oásis no deserto, e de repente, nos fosse revelado que nos pátios de seus enormes palácios estão jogados grande número de seus filhos como amontoados de cabeçudos com olhos esbugalhados, ossos expostos e cobertos apenas por uma pele desidratada, recantados como restos de vida e implorando, não para serem reconhecidos, mas por uma migalha para matarem a sede e a fome e, apesar das súplicas e dos gritos de dor, são ignorados já por quase uma eternidade e, se tudo isso fosse mostrado e relatado por grandes meios de comunicação, o que diriam as Nações? Que impacto causaria às variadas classes ou evoluções de sentimentos?
Se estou condenando alguém? Não! Apenas levantando uma questão. E a indignação poderia ser justa. Porém, cabe uma reflexão: o Criador, nos condicionou dois caminhos: um que salva, outro que condena. O que salva, nos leva à sua direita, e o que nos condena, à sua esquerda. A condição que nos faz caminhar para a sua direita, já nos é muito familiar, assim como a que nos faz caminhar para a sua esquerda. É dito: “... Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham vocês, que são abençoados por meu Pai... pois eu estava com fome, e... e aos que estiverem à sua esquerda: Afastem-se de mim, malditos... pois eu estava com fome, e...” Sem este cumprimento, os exaltadores de glórias e nós anônimos, nos tornamos “sepulcros caiados” (Mateus 23:27-30): “... ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e podridão! Assim também vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisias e injustiças...”
Este povo paga um preço muito alto por pecados e males que não cometeu.
Nós, pequenos e anônimos, nos comovemos, mas não conseguimos levantar a voz e mover uma ação; e os que ocupam os poderes, políticos e religiosos, ficam cegos, surdos e sem coração.
O que nos parece apatia de Deus, deve ser o grito para a nossa salvação ou condenação. Deus está nos expondo por longo tempo, os mortos vivos da África, e nós, nos fazemos de desentendidos e continuamos “glorificando” o Seu nome, achando que Ele não conhece o nosso coração, e que iremos manipular o seu julgamento.