Frágil razão
Frágil razão
Cuidei de ti, como o borrifo cuida da roseira em dias de sol ardente, esperando como recompensas o exibir da flor, anunciando estar pronta para conceber o fruto. Com a mesma esperança, gerada pela insinuação de um certo excitar, zelei de você, como alguém que numa mistura de cores, busca o tom que possa colorir o que, entre a moldura, há muito tempo era em preto e branco. E crendo que neste insinuar havia um fundo de verdade, e movido pelo coração, sem juízo, perdi o medo e expus os sentimentos; porém, como num desabar, esbarrei-me na decepção que não esperava ter ... Caído, e quase convencido de que: estava vendo uma flor naquilo que ainda era um botão, retraí-me e fui reclamar ao coração, para que não mais me expusesse a encantos descabidos, fazendo-me pagar um preço já previsto e ecoado pela voz da razão. Mas ele, teimoso e impulsivo, se fez indiferente ao racional, e continua focando a direção do olhar no que lhe descompassa, no intuito de me fragilizar e me conduzir pelos caminhos que ele impulsionar; e com um ímpeto de vencedor, arremessa-me à urgência de quem procura matar a sede em tempos de águas secas.