Repelir
Repelir
A espécie humana parece ser a mais fácil de dobrar, de iludir. Parece uma amostra grátis de retardados. Nunca aprende que a vida é sempre uma repetição das tragédias em cada geração. Que desde os primeiros tempos a igreja e o poder sempre se uniram para tirar parte dos bens e dos direitos da nação. Só não sabe disso quem nunca se interessou em diferenciar entre o resto e uma porção anormal. Esse resto não aprende nem mesmo com exemplos semelhantes ao dos cadáveres vivos da Etiópia, Somália e os do resto do mundo. Nem mesmo vendo crianças deficientes e cegas, vítimas da desnutrição. Só não desperta o surdo mudo, o bloqueado. Se a porção vive bem, o resto não conta?
Na última guerra mundial um Hitler flagelou e eliminou milhares de seres humanos. Se ele usava câmaras de gás e campos de concentração, hoje, a nossa porção elimina o resto, a curto e a longo prazo, pelo descaso, imergindo-os nos dejetos que sugam para a exclusão da vida; montando assim uma exposição onde podemos observar quadros refletindo o privilégio da ascensão, e outros, o limite da sobrevivência. Estes últimos são opacos, pois entre suas molduras estão imagens turvas de frágeis e deprimidos à mercê dos que pregam a “justiça social.”