Desfolhar

Há intervalos na vida em que sonhos e fantasias são desnudados e encantos são desvelados à medida que o calendário do amadurecer vai se deparando com as perspectivas mais almejadas. O que parecia tocável, com o desfolhar do tempo é distanciado ou esvaído de nosso alcance. Há entrefolhas impiedosos com nossos devaneios e alheiam-se à nossa condição humana; ignoram nossos limites e a imaturidade para superação. O reinício, vital, raramente nos mostra como fazer a junção dos cacos, e a pressa da urgência nos leva, mesmo cambaleando, a levantar e identificar a saída, ainda embaçada pelo véu da incerteza e o abstrato da insegurança, mas a condução a um novo estágio é necessária e o adestramento é preciso; e diante da fluidez do tempo eu inquieto-me: Ó diário da vida! Aqui pra nós, quantas folhas hão (se há), de me fluir mercê?