O CONDÃO DA ARTE

A Poesia sempre serviu para desalojar os acomodados de plantão. É um exercício de dialética: a antítese propõe o novo, e a síntese é o poema. Foi-se a tese anteriormente tida como placidamente perene... Aclara-se a mente com o Novo... Depois de terminado o poema – no interior do poeta – o mundo circundante nunca é o mesmo. É um ato de recriação. Tudo poderá parecer igual, mas o poeta não é mais o mesmo. Acumulou-se desse Novo, da energia que vivifica os contornos do viver. Por alguns momentos, o mundo está a salvo das tristezas, dos temores, dos desamores, das injustiças. E o poeta goza um estado de pureza momentânea. Esse é o condão da Arte: a mágica de viver para o próximo, para o outro. Dentro de nós mesmos. Tal como nos recomenda a sabedoria bíblica.

– Do livro SORTILÉGIOS, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/3068754