O Cotidiano em Paradeiro da Neutralidade.
__ acudam-o. tomem-lhe pelas mãos! a morte o persegue...
Jão-migué chegou assim aqui. aqui assim chegou.
__ Já na boca dos outros.
Peça boa, peça rara, bijouteria arisca? eu num bem sei. mas ele mau sabe também, esta atônito, ao encontro da verdadeira oportunidade que a vida enfim lhe oferece, destruir-se em vão omicida como uma marionete trazido aos aperreios. é preciso que alguém faça alguma coisa, que alguma voz haja! tenha mais que "poder", que tenha ação, que se desatravanque da covárdia alheia, que faça consigo mesmo a injuria coerente de se humanizar com a endiabrada cadeia de perseguições.
Nada de mais nem de menos. ninguem sabia bem. ou que bem lhe jazeria. mas ficaram todos ali, pasmos, de arrancar'cabelo, soslaiar pelo chão, choramingueiros pelos cantos, (mas não fizeram nada). não porque não sabia, ou via, ou sequer mexia. os olhos brilhavam. aquele zum-zum de "vai morre-vai'morre"! e ninguém sabe a hora, mas tá todos ali. por alguma opinião, por uma conversa diferente, por sentir mais que o outro que sente.
As vezes eu fico pensando seriamente na miséria. na pobreza. escassez. na seca. porque o povo habita os mais remotos dos lugares por enquanto, "a terra". a fome. a ganância. a modernidade. o isolamento. será que não estamos sendo sérios demais em viver assim? é preciso contrariar um pouco esses métodos. esta replicância consagrante de querer mudar tudo e sequer perder o hábito de não lavar as mãos pra comer. "tudo bem que depois que o homem aprendeu a se levantar, utilizou a mão pra outras coisas", se ele perdeu o olfato ganhou visão, mas como aplicar em uma vida da qual a sua garantia é no mínimo a "brevidade" das coisas, das situações, dos comportamentos, linhas, petulâncias, e agrados que engama nossa alma. será mesmo desprazer da vida contentar-se ser o que o presente nos propõe ou estar pronto alternadamente ao futuro? é preciso mudar, todos os dias, todos os instantes, se não for para melhorar a qualidade de vida, vá dormir... não quero minhas mãos nesse cotidiano. estarei de corpo inteiro ou de alma vagando por ele. saiam da minha porta.
Humberto Fonseca