CRÍTICA DA MODESTIOLOGIA PRÁTICA DA PRETENSÃO EQUILIBRADA E CONVENIENTE
13.11.2008
 
 
 
   O homem começou a pensar. Depois começou a pensar com certa sabedoria. Depois passou a amar tal sabedoria. Criou-se o termo filosofia. Vieram os valores: cognitivos (fundamentos do conhecimento) e normativos (fundamentos da lógica, ética e estética). Vieram depois os procedimentos discursivos (racionais) e os procedimentos intuitivos (intuição intelectual). Vieram das colônias gregas da Ásia Menor, Pitágoras, Heráclito e Demócrito. Pitágoras trouxe a matemática e a moral. Heráclito a dimensão poética e cosmológica (origem, evolução e estrutura) do pensamento. Demócrito, o ponto de partida do materialismo: o atomismo (doutrina filosófica que explica a constituição do universo por meio de átomos). Aparece então Sócrates, mais preocupado com as relações humanas. Platão, seu discípulo: a problemática do idealismo (tendência a se guiar mais por idéias que por considerações práticas). Logo depois Aristóteles, fundando a lógica (forma coerente de encadeamento e raciocínio), formalizando os procedimentos do pensamento com o silogismo (raciocínio estruturado a partir de duas premissas das quais, por dedução, se tira uma terceira, a conclusão). Tivemos Epicuro, dando ênfase moral à filosofia, definindo rigidamente os limites da conduta humana a fim de que ela fosse sempre sinônimo de prazer. Em contrapartida, nos seis séculos seguintes, o estoicismo que propunha ao homem submeter sua conduta à razão correta, mesmo que isso lhe trouxesse sofrimento ou dor e não o prazer. Domínio das paixões. Relação entre a fé e a razão. Sucesso na Idade Média entre os cristãos. Com Descartes inicia-se a filosofia moderna. O racionalismo (doutrina baseada apenas na razão) cartesiano. O empirismo (doutrina de que todo o conhecimento se origina da experiência prática) inglês. O idealismo alemão. O positivismo (filosofia que fundamenta o conhecimento nos fatos observáveis). O marxismo (teoria econômico-filosófica de crítica ao capitalismo elaborada por Marx e Engels). Ainda duas figuras inclassificáveis: Nietzsche (libertação do homem) e Kierkegaard (o existencialismo). Flichte e Hegel: o homem concreto num mundo concreto, enquadrado numa sociedade e engajado numa história. Na Alemanha, Kant, de volta à metafísica de forma mais profunda. Aparece Bergson no estudo da vida no sentido biológico. O pragmatismo (consideração das coisas de um ponto de vista prático) do americano William James. A fenomenologia (sistema filosófico em que se estudam os fenômenos interiores considerados como ontológicos [da ontologia: tratado dos seres em geral, teoria ou ciência do ser enquanto ser, considerado em si mesmo, independentemente do modo como se manifesta]) de Husserl que permitiu com que se reunissem a reflexão sobre a existência e a reflexão sobre o espírito, inspirando Heidegger na Alemanha, Sartre e Merleau-Ponty na França. Ainda Freud com a psicanálise (tratamento que consiste em interpretar os processos
psicológicos conscientes e inconscientes) que gerou a psicologia (estudo das atividades mentais e do comportamento de um indivíduo ou grupo). Também Lévi-Strauss, estruturalista da antropologia (ciência que se ocupa do homem e tem por objeto o estudo e a classificação dos caracteres físicos dos grupos humanos).
   Enfim, várias direções, variações, ramificações de diferentes linhas de raciocínio. Até que em 2008, no Brasil, aparece a escola da despreocupada pretensão de pouco saber de muito e algo reter do misto, de uma forma conveniente, no acesso que se tem contra o tempo curto que é a existência consciente. Vamos nomeá-la: Crítica da Modestiologia Prática da Pretensão Equilibrada e Conveniente! 
 
 
Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 14/05/2011
Reeditado em 14/05/2011
Código do texto: T2969885
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