Curso Produção de Textos - Encontro 3

Olá, amigos escritores.

Continuaremos agora o nosso Curso de Produção de Textos.

Vamos lá...

"Encontro 3"

"Concebendo o Texto"

Às vezes, eu fico diante do papel por horas. O branco não me desperta absolutamente nada. Mas dentro de mim, está o desejo de escrever. Sem motivos, sem ideias, sem temas. Apenas uma vontade intensa de me traduzir.

Qual escritor já não se encontrou na situação acima?

Escrever parece um vício. E é.

Todo escritor experimenta um delicioso prazer no ato de escrever quase sem pensar... apenas deixando sairem compulsivamente as ideias; escreve-se ao mesmo tempo que pensa! Aliás, o escritor pensa com a caneta. Projeta-se.

Fato é que a mensagem precisa ser entendida pelo leitor, objetivo final nosso. De nada adianta a inspiração do poeta, se ele não consegue transmiti-la.

Este é o nosso objetivo aqui: aprimorar a capacidade de transmitir o que pensamos, o que sentimos e o que somos.

Nesta aula, discutindo alguns recursos que podem ser utilizados na manipulação da palavra. Entenda cada recurso, antes de seguir adiante. Esmiúce cada frase, busque subtextos, muna-se destas armas poderosas. E exercite, brindando o mundo com "você escrito".

"O Recurso do Hipérbato"

Hipérbato ou Inversão é uma Figura de Linguagem, especificamente uma Figura de Construção, que consiste em alterar a "ordem natural" da oração.

Observe:

O rapaz engoliu uma moeda.

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Sujeito Verbo Complemento

Atente que a oração "O rapaz engoliu uma moeda" está na ordem natural: sujeito - verbo - complemento ou adjunto.

Note que as coisas acontecem em seu curso natural: uma "pessoa" "faz" algo com outra "coisa".

O Hipérbato é a inversão desta ordem natural:

Engoliu, o rapaz, uma moeda.

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Verbo Sujeito Complemento

Pensemos juntos:

1. A oração não está na ordem natural, portanto, há uma Inversão ou Hipérbato.

2. O termo deslocado foi o Sujeito "o rapaz"; que, justamente por ter sido "deslocado", deve ser isolado por vírgulas.

3. Neste caso de hipérbato, a oração ficou mais difícil de ser entendida numa primeira leitura. Observem:

O rapaz engoliu uma moeda.

É mais fácil de ser entendida do que:

Engoliu, o rapaz, uma moeda.

O recurso do hipérbato deve ser bastante "pensado", antes de o escritor decidir utilizá-lo.

Pontos a considerar:

- O Hiperbato pode dificultar a compreensão da mensagem na "primeira leitura", podendo obrigar o leitor a "reler". Muitos hipébatos deixam o texto cansativo e confuso.

- O Hipérbato pode ressaltar um termo dentro da oração:

Uma moeda, o rapaz engoliu.

Atente que, neste Hipérbato, damos ênfase ao que o rapaz comeu, ou seja: Uma moeda.

(Atente para a vírgula sinalizando o termo deslocado.)

Neste caso, o Hipérbato foi usado para destacar "moeda" como "algo que não se deveria comer". Poderíamos brincar ainda mais:

Uma moeda... O rapaz engoliu.

Entre prós e contras, o uso de qualquer recurso exige sensibilidade do escritor. Quando devo usar? Quando o recurso é prejudicial? Quando está abusivo? Em que momento é necessário para dar brilho?

Estas são perguntas cuja resposta é a mesma: Um artista sabe.

É extamente isso diferencia um escrevente de um ESCRITOR: a arte.

Um exercício interessante é transcrever a letra do Hino Nacional Brasileiro para a Ordem Natural. Nosso hino é rico em hipérbatos. (Talvez o grande motivo de muitos não o memorizarem e confundirem as estrofes, pois a mensagem não é linear como uma história em que "uma coisa puxa outra"; ao contrário: parecem frases soltas).

"O Recuso da Assonância"

Muito utilizada na Poesia Simbolista, a Assonância é uma Figura de Linguagem que busca no "SOM" produzido pelas VOGAIS um reforço estilístico para o texto.

A Assonância, ou repetição de determinadas vogais, produz uma espécie de "melodia" textual que, juntamente com a pontuação, pode dar toda musicalidade que um poema ou texto em prosa pode necessitar.

O Escritor pode brincar:

Ó Formas alvas, brancas. Formas claras

a a a a a a a a

Repita em voz alta e perceba o efeito que a sequência de "a" provoca.

Quase obriga o leitor a "articular" a boca conforme o comando do autor da do texto.

O Poeta brinca, faz o leitor repetir, perceber "algo" de diferente no texto: uma melodia, uma musicalidade.

Um exercício excelente para treinar assonâncias é ler poemas simbolistas, especialmente Cruz e Souza. Leia-os, declame-os e perceba todo o poder de Cruz e Souza em fazer "música" sem instrumentos musicais, apenas manipulando o som das vogais.

Um Escritor precisa se munir destes recursos, estudá-los, e o mais importante: saber quando usá-los.

No encontro seguinte, veremos mais recursos linguísticos.

Boas leituras.

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