COMO LER POESIA
(aos que se foram, aos que chegaram)
Depois que recebi a pena do lirismo, passei a compreender a essência de todos os versos; os críticos literários que me perdoem, mas as interpretações que eles fazem enfadonham minh’alma!
Para interpretar um poema, lance fora boa parte das regras, ascenda uma lareira com os cadernos literários e sofra, e perca, e ame tudo em demasia a ponto de cada vírgula ganhar aurora de poesia...
Poesia é imagem e sentimento que anima esta imagem, assim explicou-me o pai de todos; a partir daí, é cheirar terra molhada, é sentar na calçada, é pular amarelinha, é subir em árvore, é perder um filho, é apaixonar-se por gente ou bicho, é cair na piscina com roupa, é tomar banho de chuva, é beijar na boca atrás da porta, é odiar, é ter fé, é descrer, é sofrer desilusões...
A partir daí, é expor-se à vida para sensibilizar a alma e pronto, estarás no ponto para decifrar quaisquer poetas, dos mais eruditos aos mais patativas.
Para ler poesia, é interessante a alma ser daquelas que traz o perdão na ponta da língua; para ler poesia, é interessante liberdade para rejeitar uns versos e casar-se com outros...
O eu lírico jamais nos conta tudo, você – tampouco – não precisa receber todas as palavras; tenha liberdade para identificar-se com o poema ou ser indiferente a ele. Trate a todos (poemas) com respeito, mas curve-se aos versos que dialogam com seu instante de introspecção e assim, serás (tu) também poeta!