DEFINIÇÕES E ORIGEM DA TROVA


[baseado no texto de Clério José Borges, no livro  "Origem Capixaba da Trova"), do qual usarei alguns excertos, com ciência do autor.]


Trovador é uma palavra derivada do latim, acusativo singular de "trobaire"
(poeta), do verbo trobar (inventar, achar).
"Todo trovador é poeta, mas nem todo poeta é trovador, pois nem todos os poetas sabem metrificar, fazer o verso medido.", no conceito de Jorge Amado.

A trova possui o seu conceito plenamente estabelecido: é o poema de quatro versos setessilábicos com rima e sentido completo.
Mas, quando surgiu, não era assim.
Seu aparecimento está intimamente ligado à poesia da Idade Média, onde a trova era sinônimo de poema e letra de música. A cultura trovadoresca refletia bem o panorama histórico desse período: as Cruzadas, a luta contra os mouros, o feudalismo, o poder espiritual do clero. Quanto à arquitetura, o estilo gótico é o que predominava. Na literatura, desenvolveu-se, no sul da França e em Portugal, um movimento poético chamado Trovadorismo. Os poemas produzidos nessa época eram feitos para serem cantados por poetas e músicos, e foram os primeiros a serem sistematicamente publicados.

Hoje, entretanto, a trova possui a sua conceituação própria, diferenciando-se da quadra e da poesia de cordel, da Trova Gauchesca, do Repente, bem como do poema musicado da Idade Média.
Um movimento cultural em torno da trova surgiu no Brasil a partir de 1950 e chamou-se Trovismo. A palavra foi criada pelo poeta e político falecido J. G. de Araújo Jorge e pelo escritor e historiado, Eno Theodoro Wanke.
Em 1960, foram realizados os Primeiros Jogos Florais, com sucesso, e a fundação oficial da União Brasileira de Trovadores, juntamente com uma plêiade de idealistas do Rio de Janeiro.
Gilson de Castro é considerado o maior divulgador da Trova nos anos 50 e 60. Usava o pseudônimo de Luiz Otávio. Era carioca.
Em 1980, ao criar o Clube dos Trovadores Capixabas, o poeta Clério José Borges fez despontar o Neotrovismo, que é a renovação do movimento em torno da Trova no Brasil.
O escritor Eno Teodoro Wanke publica em 1978 o livro "O Trovismo", onde conta a história do movimento de 1950 em diante.

Neotrovismo: É a renovação do movimento em torno da Trova no Brasil. Surge em 1980, com a criação por Clério José Borges do Clube dos Trovadores Capixabas. Foram realizados 15 Seminários Nacionais da Trova no Espírito Santo e o Presidente Clério Borges já foi convidado e proferiu palestras no Brasil e no Uruguai. Em 1987 concedeu inclusive entrevista em Rede Nacional, no programa "Sem Censura" da TV Educativa do Rio de Janeiro.

A Trova possui o seu conceito plenamente estabelecido: 
_ poema de quatro versos setessilábicos com rima e sentido completo.

A Quadra é toda estrofe formada por quatro linhas de uma poesia.
Assim, não é verdade:
. que Quadra e Trova sejam a mesma coisa;
. que a Trova evoca mais os Trovadores da Provença Medieval;
. que a Quadra seja uma forma de se fazer poesia mais moderna.

A Quadra pode ser feita sem métrica e com versos brancos, sem rima.
Aí então será só uma quadra sem ser a Trova, que obrigatoriamente terá que ser metrificada.

A Trova deve obedecer as seguintes características:

1- Ser uma quadra. Ter quatro versos. Em poesia cada linha é denominada verso.

2- Cada verso deve ter sete sílabas poéticas, ou seja: versos em redondilhas maiores, septassílabos.  As sílabas são contadas pelo som.

3- Ter sentido completo e independente. O autor da Trova deve colocar nos quatro versos toda a sua idéia.
A Trova difere dos versos da Literatura de Cordel, onde em quadras ou sextilhas o autor conta uma história que no final soma mais de cem versos.


4- Ter rima. A rima poderá ser do primeiro verso com o terceiro e o segundo com o quarto, no esquema ABAB, ou ainda, somente do segundo com o quarto, no esquema ABCB.
Existem Trovas também nos esquemas de rimas ABBA e AABB, não muito bem vistas pelos trovadores.



ORIGEM DA TROVA

A Trova é uma forma poética milenar. Possui mais de mil anos.
É originária da Península Ibérica. Península é uma porção de terra cercada de água por todos os lados, exceto um, por onde se liga a outra terra. A Península Ibérica fica no Continente Europeu, ou seja, na Europa e, é constituída pelos países Espanha e Portugal.
Até o século passado, isto é, século XIX, a Trova era exclusivamente popular. Feita pelo povo.
Os textos em forma de Trova se popularizavam nos cantares da rua, nas serenatas, nos passeios, nas festas de casamento, etc.
É certo que a Trova nasceu no período da Idade Média.

A partir de Camões (Século XVI) até o Século XVIII, a trova ficou, praticamente, no obscurantismo. Somente por volta de 1815, através de uma coletânea de contos folclóricos alemães de Wilhein e Jacob Grimm foi que a trova reapareceu.
Em 1859, houve uma publicação sobre "trovas folclóricas" de Cecília Bohl, intitulada Cuentos y Poesias Populares Andaluces.
Em 1867 veio a lume a coleção de "Trovas Portuguesas", organizada por Teófilo Braga (1843-1924).
Em 1883, foi lançado em Portugal, o livro "Cantos Populares do Brasil", de autoria do sergipano Silvio Romero (1851-1914).
Em 1902, Antônio Correa de Oliveira (1879-1960) publicou o livro "Cantigas", o primeiro livro de Língua portuguesa inteiramente de trovas.