BELA D’AMOR
BELA D’AMOR
(ULTRA-ROMANTISMO)
Características ultra-românticas são evidenciadas no poema em questão, partindo do título “Bela D’Amor”, em que a figura feminina é reverenciada.
No Ultra-romantismo os sentimentos são levados ao ápice, ao último andar de um arranha-céu. Esse exagero de sentimentos é verificado na primeira estrofe, em que é atribuído à mulher o brilho, o esplendor, o “poder” de fazer chamejar o peito do eu-lírico. Nas indagações, marcadamente na última desta estrofe, o eu-lírico requer a intensidade do amor feminino:
Pois uma luz cintilante
Que brilha no teu semblante
Donde lhe vem o ‘splendor?
Não sentes no peito a chama
Que aos meus suspiros se inflama
E toda vez reluz de amor?
A relação com a natureza confere uma simbiose entre a mulher e o meio. Os sentidos são aguçados na segunda estrofe e a mulher é relatada pelo eu-poético, que mescla visão e olfato: “celeste fragrância”, “vês ondular”. Todavia, o sentido tátil, a concretização amorosa, é apenas anelado. As virtudes femininas são dádivas da natureza:
Pois a celeste fragrância
Que te sentes exalar,
Pois, dize, a ingênua elegância
Com que te vês ondular
Como se baloiça a flor
Na primavera em verdor,
Dize, dize: a natureza
Pode dar tal gentileza?
Que ta deu senão amor?
O apelo para que a mulher olhe-se ao espelho para sentir-se mais que uma estrela ou flor, a interjeição “Ai!”, a “cumplicidade de Deus” (traço de religiosidade), na última estrofe, remetem-se à simplicidade virginal e ao desejo do eu-lírico de sentir no plano concreto os atributos por ele vistos, ou melhor, “idealizados”. É do espírito ultra-romântico a dúvida, a instabilidade. Deste modo, a conjunção pois (repetida três vezes no poema) conclui, afirma; ao passo que as interrogações freqüentes indagam no intuito de afirmar.
No aspecto estrutural, o poema é organizado em heptassílabos na primeira estrofe, apresentando rimas ricas e alternadas ao longo de toda a criação poética.