MANIFESTO TÉCNICO DA LITERATURA FUTURISTA

 

Em 11 de maio de 1912, Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944), publica em Milão, seu segundo manifesto: o Manifesto Técnico da Literatura Futurista; provavelmente o texto mais ousado das vanguardas europeias. Nenhum outro manifesto foi tão longe na tentativa de normatizar os métodos de composição de uma obra literária modernista. Resumidamente, temos:

Manifesto Técnico da Literatura Futurista

No aeroplano, sentado sobre o cilindro da gasolina, queimado o ventre da cabeça do aviador; senti a inanidade ridícula da velha sintaxe Herdade de Homero. Desejo furioso de libertar as palavras, tirando-as para fora da prisão do período latino! Este tem naturalmente, como cada imbecil, uma cabeça previdente, um ventre, duas pernas e dois pés chatos, mas não possuirá nunca duas asas. Apenas o necessário para caminhar, para correr um momento e fechar-se quase repentinamente bufando!...

Eis o que me disse a hélice em movimento, enquanto eu corria a duzentos metros sobre as possantes chaminés de Milão:

1. É preciso destruir a sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, como nascem.

2. Devemos empregar o verbo no infinitivo, para que se adapte elasticamente ao substantivo e não o submeta ao "eu" do escritor que observa ou imagina. O verbo no infinito pode, sozinho, dar o sentido de continuidade da vida e a elasticidade da intuição que a percebe.

3. Deve-se abolir o adjetivo, para que o substantivo, desnudo conserve a sua cor essencial. O adjetivo, tendo em si um caráter de esbatimento, é incompatível com a nossa visão dinâmica, uma vez que supõe uma parada, uma meditação.

4. Deve-se abolir o advérbio, velha fivela que une as palavras umas as outras. O advérbio conserva a frase numa fastidiosa unidade de tom.

5. Deve-se abolir a pontuação e a suprimir os elementos de comparação.

6. Façamos uso de símbolos matemáticos e musicais.

De fevereiro de 1910 até abril de 1912, foram escritos inúmeros manifestos, entre os quais se destacam: Manifesto dos Pintores Futuristas (1910), por Boccioni, Carrà, Russolo, Balla e Severini; A Pintura Futurista – Manifesto Técnico (1910), por Boccioni, Carrà, Russolo, Balla e Severini; Manifesto dos Musicistas Futuristas (1911), por Pratella; Manifesto dos Dramaturgos Futuristas (1911), por Marinetti; A Música Futurista – Manifesto Técnico (1911), por Pratella; Fotodinamismo Futurista (1911), por Bragaglia; A Escultura Futurista (1912), de Boccioni. ®Sérgio.

Tópico Relacionado: O Manifesto Futurista.  (clique no link)

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1- Texto baseado na obra de TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro. Petrópolis, Vozes, 1997.

Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário.

Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me.

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 20/01/2011
Reeditado em 20/01/2011
Código do texto: T2740978