Sofistas X Socráticos no texto do poeta Manoel de Barros

O presente trabalho visa a abordar os discursos teóricos objetivista e anti-objetivista, a partir da análise do poema Nomes, de Manoel de Barros. Há entre esses discursos uma tensão que se traduz, resumidamente, da seguinte forma:

* na visão objetivista (socráticos) pensa-se a linguagem como registro objetivo de correspondências entre significados e significantes, como um sistema de representação de algum tipo de ordem exterior estável;

* já no anti-objetivista (sofistas), pensa-se a linguagem como um sistema de práticas culturais, históricas e sociais, sendo um espaço privilegiado para a manipulação e a cristalização de opiniões, através dos consensos. Com isso, desde muito cedo a questão do sentido se articulará de maneira diferente no que diz respeito à verdade.

Não é de hoje que a linguagem desperta interesse e reflexão.

Na Grécia antiga a linguagem, embora não fosse o tema central da preocupação de filósofos, estes foram levados a pensá-la quando refletiam sobre a verdade.

Naquela época, era comum o homem grego refletir através do thauma (experiência de indagar-se). Assim surgem na filosofia duas maneiras de responder ao thauma: pelo discurso mítico, que supõe adesão; e pelo discurso filosófico, que não se atém ao mítico e busca um caminho racional para tentar encontrar a verdade.

Nesse ambiente de reflexão sobre a verdade, nasceram os três paradigmas teóricos, em suas versões embrionárias, de pensamento sobre a linguagem, em duas correntes filosóficas polarizadas: socráticos e sofistas.

Entre os sofistas figuram nomes como Górgias e Protágoras; e entre os socráticos, Platão e Sócrates.

Para os primeiros, a verdade é ilusória, múltipla, mutável e relativa. Para eles, a verdade pode mudar com o tempo, e o consenso a sobrepõe, já que ela não existe. O que há é um consenso entre as pessoas, e por isso é preciso levar em conta as circunstâncias históricas, culturais e sociais. Cada sociedade em cada época terá seu consenso, não existindo a verdade/a essência das coisas.

Os sofistas apresentam o embrião da visão pragmática do significado. Por exemplo: a palavra belo é aquilo que se convencionou chamar de belo. O significado está no uso dentro de um contexto. Não existe em cada palavra um significado a ela associado que seja a essência daquilo que está na realidade. Existe um abismo entre o real e a linguagem, sendo esta soberana. Na visão dos sofistas a linguagem é um brinquedo, ela faz ser o que diz. É bom que se diga que os sofistas não negam efeitos do real; eles sugerem é que a convicção sobre o real é feita na linguagem.

Já para os socráticos a verdade é real, única, universal, fixa e eterna. Eles acreditam que o consenso se subordina à verdade, já que esse pode estar errado. As opiniões são somente opiniões que não alcançam a verdade, a essência das coisas. Com isso, para eles a linguagem tem como objetivo ser um sistema de representação. Há uma verdade fixa. Sócrates, no texto de Platão (Crátilo) diz que a linguagem é um instrumento, sobre o qual se tem controle e que nos dá acesso ao real.

A linguagem diz o que é.

Assim, há posições diferentes de pensar o significado da expressão linguística. Os socráticos têm uma visão entitativa do significado: este é uma entidade que existe na realidade ou na cabeça do sujeito, não é o uso. Tal pensamento é contrário à visão sofista, que diz que o significado não é um sistema que exista em algum lugar.

Tal cenário inicial da filosofia antiga grega faz nascerem as sementes dos três paradigmas teóricos de que dispomos até hoje para pensar o significado da linguagem: pragmáticos (sofistas), mentalistas e realistas (socráticos). Na verdade, podemos considerar que essa tripartição pode ser reduzida a uma bipartição, como já foi dito em sala, porque o realismo e mentalismo fazem parte do objetivismo. O que distingue socráticos de sofistas é a posição diferente sobre a verdade. Conforme já dito, para os sofistas prevalecem os consensos, e para os socráticos há verdades eternas, acima dos consensos.

Realismo e mentalismo apresentam visões diferentes entre eles mesmos. Enquanto o primeiro paradigma dirá que o significado existe no real; o segundo afirmará que o significado existe no mental. Ambos têm em comum, porém, acreditarem que o significado existe, por isso são visões entitativas.

Crátilo de Platão é um exemplo de visão embrionária do realismo, ao passo que Aristóteles é mentalista.

O texto de Platão marca a disputa entre os dois personagens: Hermógenes e Sócrates.

O tema do diálogo é a justeza dos nomes e como pano de fundo aborda a controvérsia entre o convencionalismo e o naturalismo. Discute também a relação entre a realidade e a linguagem, e Sócrates expõe seu ponto de vista, o oposto de Górgias (“Nada existe que possa ser conhecido; se pudesse ser conhecido, não poderia ser comunicado; e, pudesse ser comunicado, não poderia ser compreendido”).

Podemos encontrar no texto de Crátilo duas teses controversas:

* convencionalista (a mais aceita)

* e naturalista.

Enquanto os convencionalistas dão nomes aos objetos arbitrariamente (é arbitrário porque alguém decidiu que é o nome, no caso, o legislador), os naturalistas defendem haver uma relação natural entre o nome e a coisa. É bom que se diga, entretanto, que as duas visões não têm nenhuma relação com os sofistas, já que discutem como se relacionam palavras às coisas. Os sofistas negam essa relação.

Há duas maneiras de justificar o naturalismo: por simbolismo fonético, que diz que o som tem significado. Os linguistas hoje afirmam que os sons não são significativos.

Mas alguns gregos acreditavam que o som guarda um significado. Em Crátilo se diz que os símbolos fonéticos dos nomes das coisas remetem naturalmente à essência delas.

Outra maneira de justificar o naturalismo é pela composição etimológica.

Por exemplo, o olho de sogra é etimológico. A etimologia da expressão olho de sogra poderia explicar por que o doce remete ao olho de uma sogra. É uma forma de os naturalistas justificarem uma relação natural entre coisa e nome.

Adotando uma visão convencionalista, por outro lado, Demócrito afirma que os nomes das coisas são convencionais. Seu pensamento parte do princípio de uma visão objetivista, já que as coisas têm nomes. A polissemia prova o convencionalismo, já que palavras como manga e língua têm o mesmo complexo acústico.

É importante que se diga que os convencionalistas têm visão diferente dos sofistas. Aqueles acreditam que palavras e coisas têm uma relação objetiva, mas os nomes são escolhidos por convenção. Já para os sofistas, não existe a ideia de que o nome represente uma coisa na realidade; para eles, reiteramos, o nome é só o uso, como se o significado não existisse.

Sócrates não nega a existência do convencionalismo (sua estratégia é abrir a visão realista), mas ele refuta o convencionalismo ingênuo apresentado por Hermógenes ao dizer que se pode dar às coisas os nomes que se bem quiser, como se fosse uma decisão exclusiva da pessoa, mas isso é impossível. Achar que se pode mudar o nome das coisas e a língua ainda assim funcionar é ingenuidade.

Sócrates diz, em 385b no texto de Crátilo, que na linguagem as frases precisam ser verdadeiras ou falsas, de acordo com sua relação com a realidade. Ela, a linguagem, precisa representar objetivamente a realidade. O filósofo grego alerta que, caso se pudesse trocar os nomes a qualquer hora, como quer Hermógenes, não distinguiríamos a verdade da mentira. O exemplo dado por Hermógenes sobre o nome do escravo que pode se trocado a bel-prazer, é uma ameaça à distinção entre a verdade e a mentira. Afinal, o propósito dos nomes é representar a realidade.

Sócrates admite que os nomes variam, e diz que os complexos acústicos não são os mesmos. Em Crátilo (386.a) as coisas não variam, têm essência física. Seguindo esse pensamento, poderíamos indagar: o que dizer das ações? Em Crátilo (387.a) ele diz que as ações têm natureza física. Por exemplo, para cortar é preciso respeitar a sua natureza. Não se pode cortar uma árvore com um alicate, por exemplo.

As ações não variam, mas precisa-se respeitar a natureza das coisas; as ações têm uma essência fixa. Segundo o raciocínio do filósofo, falar é uma ação que tem uma essência. Não posso falar (linguagem) de qualquer maneira que queira. Qual seria então a essência de falar? Para ele, é preciso designar o instrumento do falar, que são os nomes. Para explicar isso, Sócrates desenvolve a tese do tear.

Nessa tese, o tear serve para tecer, e tecer é como falar. O tear seria como os nomes, porque separa os fios, assim como os nomes separam as coisas da realidade. Essa analogia socrática nos faz pensar que (a) linguagem serve para uma coisa, há um monopropósito; só uso a linguagem para declarar as coisas; o único propósito é dizer o real; (b) esse propósito é obvio (é claro que é para dizer a realidade); é patente que a linguagem serve para dizer a realidade; a analogia favorece que a linguagem tem um propósito patente; (c) a linguagem é um invento; o legislador/carpinteiro é alguém que a inventou. A consequência é pensar que a linguagem foi inventada com um propósito, presidida para a racionalidade: para falar das coisas.

Na visão mentalista, acredita-se que o conceito está na cabeça do falante ou, nos termos de Aristóteles, nas afecções da alma do sujeito. Existe uma cadeia de representação: as coisas/afecções da alma/itens da elocução/caracteres da escrita. Ou seja, a realidade – você vê uma flor – afeta a pessoa que a viu e, com isso, vira um conceito, que será falado e, posteriormente, escrito. Vale dizer que as coisas da realidade e as afecções da alma são universais, afetando a todos da mesma forma. Porém o modo como se escreve e fala varia de língua para língua, já que, na hora de expressar, usamos palavras diferentes.

É interessante notar que a definição de metáfora dada por Aristóteles, em Poética, é comparável à perspectiva de sentido que emerge em Crátilo, por ambos os textos apostarem na existência do sentido, trazendo a ideia de transporte, já que dá a uma coisa o nome de outra. Isso demonstra as afinidades entre os textos platônico e aristotélico.

Contudo, é importante frisar que há diferenças entre De Interpretatione (Aristóteles) e Crátilo (Platão).

Plantão diz que não temos acesso do real pelo sentido. O acesso se dá via o conhecimento. Estamos presos à vida sensorial. Só conseguimos ver pelo intelecto. A linguagem diz o real para ele. Em Platão há dois reais: um inteligível e outro sensível. A ideia habita num céu virtual, não está na cabeça de ninguém. Eis aí a definição do seu Mito da Caverna. Apesar de defender a vocação da linguagem (dizer o real), o discípulo de Sócrates admite que, às vezes, ela não segue sua vocação.

Aristóteles é diferente de Platão. Para ele não interessa que as essências habitam um real virtual. Temos a faculdade racional e podemos abstrair as condições necessárias de ser; o significado é uma representação interna. A representação da flor, por exemplo, está na cabeça. A essência passa pela esfera do sujeito em Aristóteles.

Passemos agora à análise do poema de Manoel de Barros, Nomes, à luz do exposto. O poema consta num dos seus últimos trabalhos, Memórias inventadas – as infâncias de Manoel de Barros.

Antes de iniciarmos propriamente a análise, tracemos alguns comentários sobre o autor. Manoel de Barros é um poeta várias vezes agraciado, desde 1960, com importantes prêmios no Brasil. Basta lembrar que recebeu dois Jabutis de Literatura: um em 1989, na categoria Poesia, com o livro O guardador de águas, e outro em 2002, na categoria livro de ficção, com O fazedor de amanhecer. Guimarães Rosa, que fez a maior revolução na prosa brasileira, comparou os textos de Manoel a um “doce de coco”, segundo texto encontrado no site Releituras.

Terezinha Pereira (romancista, contista, cronista, graduada em Letras, membro da Academia de Letras de Pará de Minas), em artigo publicado no site Verdes Trigos, disse algo interessante sobre Manoel de Barros, que nos faz refletir sobre a linguagem e como esta é usada pelo escritor e poeta neste poema:

“Ao falar do uso da prosa nos seus dois últimos livros, ele comenta de sua preocupação com a estrutura da linguagem. Que só queria modificar um pouco a estrutura linguística. Tanto na prosa como na poesia, diz que seu gosto é modificar, que nunca aceitou o mundo que está aí, mas que essa é uma história pessoal. Inspiração ele diz conhecer só de nome, que ele tem é excitação pela palavra e que quando uma palavra o excita, ele vai atrás da história dela, vai nos etimologistas, anda pelo latim, procura os caminhos dessa palavra e que, nessa procura, outras palavras se juntam e, às vezes, pedem um poema. E ele obedece”.

O poema de Manoel de Barros parece se aproximar muito mais da visão anti-objetivista (saber como) do que da objetivista (saber que). Podemos lembrar as palavras de Protágoras que disse que “o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são”, ou seja, tudo passa por sua subjetividade.

Nome

O dicionário dos meninos registrasse talvez

àquele tempo

nem do que doze nomes.

Posso agora nomear nem do que oito: água,

pedras, chão, árvore, passarinhos, rã, sol,

borboletas...

Não me lembro de outros.

Acho que mosca fazia parte.

Acho que lata também.

(Lata não era substantivo de raiz moda água

sol ou pedras, mas soava para nós como se

fosse raiz).

Pelo menos a gente usava lata como se usássemos

árvore ou borboletas.

Me esquecia da lesma e seus risquinhos de

esperma nas tardes do quintal.

A gente já sabia que esperma era a própria

ressurreição da carne.

Os rios eram verbais porque escreviam torto

como se fossem as curvas de uma cobra.

Lesmas e lacraias também eram substantivos

verbais

Porque se botavam em movimento.

Sei bem que esses nomes fertilizaram a minha

linguagem.

Eles deram a volta pelos primórdios e serão

para sempre o início dos cantos do homem.

Os versos do poeta dão mostras de que a linguagem faz ser o que diz. Os versos “pelo menos a gente usava lata como se usássemos árvore ou borboletas” mostram que o significado está no uso dentro de um contexto, já que em sua infância existiu entre o grupo de meninos com os quais ele tinha amizade um consenso que determinou que a palavra lata poderia ser usada como árvore ou borboleta.

A visão pragmática leva em conta as circunstâncias culturais, sociais e históricas. Com isso, a verdade em Manoel de Barros é relativa, ilusória, mutável e múltipla. Seus versos podem ser lidos pelo viés da visão pragmática (práxis), que pensa a linguagem como uma metáfora do jogo.

Há outra maneira de se pensar a linguagem: pelo cálculo. Nos dois paradigmas, não se abolem as regras. Só que no cálculo as regras são superlativas, penso no abstrato, existe um alinhamento entre significante e significado.

O aprendizado no cálculo é pacificador porque nos traz maior segurança. Se soubermos usar as regras, podemos fazer qualquer conta, por exemplo. De semelhante modo, nunca teremos problema com a linguagem se soubermos todas as regras. Manoel de Barros subverte tal conceito em Nomes.

Assim como no cálculo há regras, no jogo também as há, mas elas mudam com a história, e a figura do juiz interpretará cada jogada. Além disso, o jogo é arriscado, porque não se tem certeza se os lances serão aceitos ou não.

Aprende-se jogar, jogando. O que está na memória é a prática, não o cálculo. No aprendizado no jogo, supõe-se iniciação de práticas culturais e históricas, e não tomada de posse. Também não se tem uma aquisição completa. Às vezes sabemos mais usar a palavra do que o seu real (ou primeiro) significado, como faz Manoel de Barros.

Por exemplo: pode-se saber usar a palavra tempo, mas não saber defini-la.

Quando diz: “Lata não era substantivo de raiz moda água sol ou pedras, mas soava para nós como se fosse raiz”, podemos lembrar os anti-objetivistas, que dizem que no jogo não existe essência da linguagem; ela serve para tudo, já que não é um sistema. A natureza de suas regras é instável, e Manoel de Barros faz isso, mostrando a instabilidade da palavra lata.

Se pensássemos como cálculo, a palavra lata não poderia ser usada dessa maneira, já que pelo paradigma objetivista a essência da linguagem é um sistema objetivo da representação do real ou do mental. É uma representação fixa.

Manoel, mais uma vez, subverte a compreensão de um enunciado linguístico ao propor que lesmas e lacraias também possam ser substantivos verbais. Segundo a visão objetivista, compreender o cálculo é, de alguma maneira, decodificar; é traduzir a sequência acústica para entender o significado. É necessário usar uma espécie de calculadora mental, ativada sem que se perceba.

Manoel questiona essa calculadora mental ao dizer que lesmas e lacraias “também eram substantivos verbais”. A visão do jogo também questiona essa calculadora mental. O critério único para a compreensão é o uso, já que nem todo mundo poderá compreender a mesma coisa da mesma maneira. Compreender é saber dar o próximo lance no jogo da linguagem.

Em seu poema, Manoel de Barros aproxima-se do que disse Nietzsche em Sobre a verdade e a mentira no sentido extramoral. O filósofo alemão (que dialoga com os sofistas) desestabiliza certas metáforas arquitetônicas, para caracterizar o conhecimento como: colmeia, teia de aranha, torre e pirâmide. Em seu texto Sobre a verdade e a mentira, tece considerações sobre conhecimento/verdade, abordando a linguagem e o sentido. Para isso, utiliza em seu texto adjetivos como ilusório, dissimulado, antropomórfico (o conhecimento é todo baseado no que o homem considera como verdade), interessado e precário (não é fixo).

Manoel mostra em seus versos a precariedade do conhecimento, daí seu caráter ilusório. Se pelos objetivistas a palavra lata tem como significado: “um substantivo feminino; folha de flandres; recipiente feito desse material”, tal conhecimento é subvertido em Manoel de Barros. É interessante lembrar a figura utilizada por Nietzsche na metáfora do homem sentado no dorso de um tigre, mostrando que o ser humano corre um grande risco diante da linguagem, sem perceber. Manoel não tem medo de subir no dorso do animal selvagem.

O poeta, semelhantemente a Nietzsche, mostra a fragilidade e instabilidade dos conceitos, que podem mudar assim como os dados. Para o filósofo alemão, a metáfora da pirâmide tem seus lados positivo e negativo. O primeiro mostra uma hierarquia, uma resistência ao tempo. O aspecto negativo é que cada seguimento (tijolo) pode ser pensado com um dado com contornos fixos, mas cada lado é diferente do outro. Um lado pode valer 1, o outro lado 2 etc. Esses elementos são voláteis, cambiáveis e suscetíveis ao azar.

O poeta abala os conceitos que estão na torre do conhecimento. Nietzsche diz que esta edificação pode ser vista como uma construção que protege, mas também pode se transformar em cárcere. Manoel mostra não ser um homem guiado por conceitos que o limitam. O filósofo alemão diz que para se formar um conceito é preciso dissolver as diferenças. Em uma passagem muito citada no seu texto, ele diz:

“Todo conceito nasce por igualação do não igual”. Quando utiliza a metáfora do columbário, uma estrutura que guarda cadáveres que são queimados, ou seja, onde tudo se iguala, ele está criticando esse mecanismo que faz tudo igual; o imperialismo do objetivismo que diz que a ciência é a única que tem a verdade absoluta. No columbário não há diferença entre rico e pobre, feio ou bonito. Eles têm o mesmo destino: virar cinza. O poema de Manoel não vira cinza. Seu discurso é “um grande soberano, que com o mais diminuto e inaparente corpo as mais divinas obras executa”, como garantiu Górgias.

Bibliografia

BARROS, de Manoel. Memórias inventadas – as infâncias de Manoel de Barros –Editora Planeta, São Paulo, 2010.

Site: http://www.verdestrigos.org/sitenovo/site/cronica_ver.asp?id=1390 acessado em 1 de julho de 2010

Site: http://www.releituras.com/manoeldebarros_bio.asp acessado em 1 de julho de 2010

OBS: O presente trabalho abordou os discursos teóricos objetivista (Socráticos) e anti-objetivista (Sofistas) a partir da análise do poema “Nomes”, de Manoel de Barros. Este trabalho foi apresentado no curso de Letras da PUC-Rio, na matéria de Teoria do Significado.

Carla Giffoni
Enviado por Carla Giffoni em 09/01/2011
Reeditado em 09/07/2017
Código do texto: T2719405
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