ESTUDO SOBRE PERFORMANCE: HABERMAS, LYOTARD E PÔNCIO PILATOS

GLORIA KREINZ

Se Jesus Cristo voltasse agora poderia, pela lógica da performance, ser crucificado novamente.Pilatos lavaria tecnicamente suas mãos. Essa mesma lógica mantém fechada uma grande biblioteca de divulgação científica. Se Jesus Cristo voltasse agora poderia, pela lógica da performance, ser crucificado novamente.Pilatos lavaria tecnicamente suas mãos.

Essa mesma lógica mantém fechada a biblioteca Acervo de José Reis.O pensamento pós-moderno, segundo François Lyotard, legitima-se pela eficácia, pelos elementos decisores que sustentam a performance. O fato são os livros e pesquisas de cientistas como reféns. Ainda bem que professores responsáveis da USP estão se manifestando diante de órgãos competentes. Um não dá, recorrem a outro.

O texto de Jürgen Habermas recoloca a questão, nos termos já vistos: “A ideologia tecnocrática partilha com as demais ideologias as características de tentar impedir a problematização do poder existente. Mas distingue-se radicalmente de todas as outras ideologias do passado porque é a única que visa esse resultado, não através da legitimação das normas, mas através da sua supressão: o poder não é legítimo por obedecer às normas legítimas, e sim por obedecer a regras técnicas.”

Assim o que se discute são resultados e frases superficiais tipo procurem seus direitos. Que direitos tinha Jesus diante da performance do Estado? Lógico que com o tempo posições são revistas e o verdadeiro direito aflora, como diz Dalmo de Abreu Dallari. Continuando nosso pensamento:

Habermas diz“Se os fundamentos do poder não precisam ser tematizados, não é porque repousam sobre uma normatividade legítima, e sim porque não existe, a rigor, o que legitimar: a lógica das coisas, sendo o que é, não pode ser alterada por decisões políticas. A ideologia tecnocrática é muito mais indevassável que as do passado, porque ela está negando, na verdade, a própria estrutura da ação comunicativa, assimilando-a à ação instrumental. Pois enquanto aquela, como vimos, se baseia numa intersubjetividade fundada em normas, que precisam ser justificadas (mesmo que tal justificação se baseie em falsas legitimações), esta se baseia em regras, que não exigem qualquer justificação”. (Habermas, 1980).

Aí o problema: regras que não exigem qualquer justificação, baseadas na ideologia tecnocrata. Então pode-se entender a atitude de Pilatos lavando tecnicamente suas mãos. Se a performace foi mantida, há acontecimentos que se constatam. O fenômeno é Cristo crucificado, e a maior biblioteca de divulgação científica brasileira lacrada diante dos olhos embasbacados de um público cada vez maior, nacional e internacional.

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