APRESENTAÇÃO À POESIA

Realmente, acho que o mestre Zeferino Paulo Freitas Fagundes, com quem estudei Poesia e Criação Poética durante três anos letivos, a três aulas semanais de oito horas, estava certo: leva-se mais de doze anos pra se chegar à convivência com a “TRANSPIRAÇÃO”. Afirmava ele que Horácio, o príncipe dos poetas latinos, ao tempo do sacrifício de Cristo, o qual previa nove anos do poema “na gaveta” para depois sair à rua, foi benevolente... À época, eu achava estranho todo esse tempo pra aprender a escrever Poesia, pra chegar à forma exata, aquela que realmente conforma o poema. Sim, porque “os versos, não são feitos com ideias, mas com palavras”, como disse Stéphane Mallarmé, um francês doido de poesia, respondendo ao pintor Degas, no séc. XIX... Hoje, que não tenho mais o Mestre (morreu aos 59 anos), constato que ele estava a cavaleiro da razão. Em verdade, nunca se chega à Poesia e, sim, ao poema, que é a materialização do gênero. Do nada nasce o nada e este leva tempo pra sair da vida da gente...

– Do livro O NOVELO DOS DIAS, 2010.

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