ROMANCES DA LITERATURA BRASILEIRA - COMENTÁRIOS - A MÃO E A LUVA (Joaquim Maria Machado de Assis)
Dos romances da primeira fase de Machado de Assis, “A mão e a luva”, é o segundo (1874). Essa fase denominada de romântica é composta também por outros romances: Ressurreição (1872), Helena (1876), Iaiá Garcia (1878). Segundo a crítica as grandes características machadianas ainda estão precoces nessas obras, isto é, estão presentes, mas em menor grau, são elas: conversas com o leitor, o sarcasmo, o pessimismo, etc.
Mas, já se percebe que seu estilo fluente já se faz presente (frases curtas e bem construídas, vocabulário diversificado, análises e criação de tipos, etc.).
Em “A mão e a luva” percebemos claramente a tônica dos romances dos anos mil e oitocentos (século XIX), ou seja, a ascensão social através do casamento, geralmente por interesse e nunca por amor verdadeiro.
No texto citado temos: Guiomar, jovem de origem modesta que vê no matrimônio uma forma de ascensão social.
Três pretendentes: Estêvão (o protótipo do herói romântico) sonhador, sincero e previsível; Jorge, primo de Guiomar, superficial, preguiçoso, vive a custa da família; e Luís Alves (“único com nome e sobrenome”) ambicioso, astuto e político no sentido real da palavra (primeiro candidato e depois deputado).
Após uma pequena complicação (a baronesa, uma espécie de mão adotiva de Guiomar quer vê-la casada com Jorge, mas “induzida” por Mrs. Oswald, sua dama de companhia, “consente” o casamento com Luís Alves, fato apreciado por Guiomar).
Realiza-se o casamento entre Luís Alves e Guiomar (é o encontro da mão com a luva) como está no último capítulo do romance (“... Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido, e as duas ambições trocaram pó ósculo fraternal. Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.”).
E assim, o autor finalizou o romance, apresentou uma aparente complicação, mas no final, a solução simples e previsível. Mesmo assim, a mão do Gênio, que a partir de 1881 tomará outra direção.
Augusto de Sênior.
(Amauri Carius Ferreira)
(FERREIRA, A. C.)